02 jan, 2020 - 18:10 • Lusa
O primeiro-ministro, António Costa, recebe o Bloco de Esquerda e o PCP na sexta-feira, em São Bento, para encontrar pontos de consenso que permitam a viabilização do Orçamento do Estado para 2020.
Fonte do Governo adiantou à agência Lusa que estas reuniões se inserem "na série de encontros já mantidos pelo primeiro-ministro, assim como ao nível ministerial", com os partidos parlamentares de esquerda (Bloco, PCP, PEV e Livre) e com o PAN sobre a proposta de Orçamento do Estado do próximo ano.
"Desde o início de novembro, esta será a terceira vez que o primeiro-ministro recebe os líderes dos partidos à esquerda do PS. Estas reuniões têm produzido resultados em concreto, caso da carta enviada à Comissão Europeia sobre redução do IVA da eletricidade ou de medidas para aumentos de pensões", frisou a mesma fonte.
Estas reuniões, na sexta-feira, com os líderes do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e do PCP, Jerónimo de Sousa, terão um caráter estritamente de trabalho, não estando previstas nem a recolha de imagens nem declarações à comunicação social.
A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2020 entrou na Assembleia da República em 16 de dezembro e começa a ser discutida em plenário na generalidade na quinta-feira, dia 9 de janeiro, sendo votada no dia seguinte.
Na sequência de reparos do Bloco de Esquerda e do PCP por não estarem a existir negociações em torno da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2020, ao contrário do que aconteceu na legislatura anterior, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, rejeitou essa perspetiva, contrapondo, em declarações ao jornal Público, que "o diálogo está a decorrer e há disponibilidade para conversar até chegar a um entendimento".
De acordo com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, a proposta do Governo, que entrou na Assembleia da República no passado dia 16, é já resultado de várias conversas, durante as quais "os partidos estabeleceram os seus objetivos políticos e prioridades".
"Têm sido conversas contínuas. É natural que algumas propostas não estejam na sua formulação final, mas quisemos sinalizar que pode haver aprofundamento na especialidade", sustentou Duarte Cordeiro.
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No entanto, em conferência de imprensa, Jorge Pires, membro da Comissão Política do PCP, afirmou que o seu partido não está a negociar com o Governo o Orçamento do Estado do próximo ano, enquanto a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou o executivo socialista de se comportar agora como se tivesse maioria absoluta no parlamento.
Fonte do Governo contrariou à agência Lusa essas versões de distância política face aos parceiros parlamentares dos socialistas na anterior legislatura, dando como exemplos de aproximações a partidos como o PCP e Bloco de Esquerda, a autorização legislativa para a redução do IVA da eletricidade, ou matérias relacionadas com as pensões mais baixas e com o complemento solidário para idosos.
No caso das pensões, referiu fonte do executivo à agência Lusa., "no próprio dia da entrega da proposta de Orçamento na Assembleia da República, o Governo retirou do texto do documento a expressão contributiva".
"Na versão anterior, referia-se um aumento das pensões contributivas em 2020. Ao retirar-se essa palavra, abre-se a possibilidade de os aumentos abrangerem um número muito superior de pensões. Isto significa que as reuniões com os parceiros de esquerda têm produzido resultados em concreto", salientou.
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Na Grécia, durante uma visita ao contingente da Polícia Marítima em missão no mar Mediterrâneo, em declarações à agência Lusa, o primeiro-ministro afirmou que não há qualquer razão para que as forças à esquerda do PS não aprovem o orçamento, defendendo que a proposta consolida o caminho iniciado em 2016 e não apresenta qualquer retrocesso.
"Não vejo nenhuma razão para que as forças políticas que aprovaram os quatro últimos orçamentos que o Governo apresentou não aprovem este. Não há nenhum retrocesso na proposta de Orçamento para o próximo ano. Há a consolidação de todas as medidas adotadas e há avanços no sentido positivo daquilo que tem sido a continuidade das boas políticas orçamentais iniciadas em 2016", sustentou o primeiro-ministro.
Confrontado com as críticas do Bloco de Esquerda e PCP de que este ano houve pouca negociação política do Orçamento do Estado por responsabilidade do Governo, António Costa demarcou-se dessa perspetiva, embora tenha colocado na fase de debate na especialidade o período central para o processo negocial.
"Ao longo destas semanas houve vários contactos com as forças políticas, tendo em vista a identificação de quais são as áreas mais importantes" disse.
Na perspetiva do primeiro-ministro, depois de apresentada a proposta para o debate na generalidade, devem prosseguir naturalmente os trabalhos parlamentares em sede de especialidade, como é normal".
Na fase de especialidade, de acordo com o primeiro-ministro, a proposta de Orçamento do Estado "seguramente" poderá ser "melhorada, ou, pelo menos, encontradas as formas necessárias para poder ser bem aprovada".