08 jan, 2020 - 07:00 • Ana Rodrigues
Dois dias depois da abertura do ano judicial, tem início esta quarta-feira a fase de instrução do processo de Tancos, que engloba o furto e o achamento do armamento dos paióis da base militar. Os arguidos Válter Caldeira Abreu e Jaime Martins Oliveira, acusados pelo furto das armas, são os primeiros a serem interrogados.
O magistrado Carlos Alexandre que ficou conhecido como o “super juiz” do Tribunal Central de Instrução Criminal vai conduzir a fase de instrução que termina a 13 de fevereiro com o interrogatório do arguido Gabriel Matos Moreira, também acusado pelo mesmo crime.
Vinte e três pessoas estão acusadas, incluindo o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, o ex-diretor nacional da Polícia Judiciária Militar, o ex-porta-voz da PJM e o ex-fuzileiro João Paulino.
Em causa estão crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, falsificação de documentos, tráfico de influência e abuso de poder entre outros.
Mas atenções estão viradas sobretudo para o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, acusado de prevaricação e denegação de justiça no caso da recuperação de armas furtadas dos paióis da base militar de Tancos. O ex-ministro é ouvido a três de fevereiro.
Aquilo que o juiz quer saber é se o antigo governante sabia ou não que o material de Tancos ia ser recuperado e que a Polícia Judiciária Militar estava a montar uma operação nas costas do Ministério Público e da Polícia Judiciária.
O juiz queria ouvir António Costa presencialmente, mas o Primeiro-ministro vai depor por escrito, na qualidade de testemunha do antigo ministro Azeredo Lopes no processo de Tancos, conforme decidiu o Conselho de Estado.
Após esta fase, o processo pode avançar ou não para julgamento, com estes arguidos ou apenas alguns.
O caso do furto do armamento de guerra dos paióis de Tancos foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.