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Sida. ​Medicamento que previne o VIH pode vir a ser dispensado nas farmácias

17 jan, 2020 - 21:00 • Lusa

Possibilidade foi admitida pelo diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida.

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A diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida admite que o medicamento que previne o VIH e que é de uso exclusivo dos hospitais possa vir a estar disponível nas farmácias para poder chegar a mais pessoas.

Cerca de 1.200 pessoas estão a fazer profilaxia pré-exposição da infeção por VIH (PrEP) em Portugal, mas para se atingir um valor desejável será preciso aumentar por dez o número destas pessoas, defendeu esta sexta-feira Isabel Aldir, num evento na Câmara de Lisboa, no qual o presidente da autarquia, Fernando Medina, anunciou que a capital portuguesa vai acolher em setembro a conferência internacional Fast-Track Cities 2020.

A médica infeciologista explicou que a PrEP, que consiste na toma de medicação antirretroviral por pessoas que não vivem com o VIH, mas que se encontram em situação de elevada vulnerabilidade à infeção, "funciona de uma forma muito robusta", mas para tirar "todos os dividendos em termos de saúde pública" seria necessário abranger entre 10 mil e 15 mil pessoas.

Para alcançar este objetivo, defendeu algumas estratégias como rever a forma como é disponibilizado este medicamento classificado pelo Infarmed como de uso exclusivo das farmácias hospitalares.

"Isso pode passar por alterar essa classificação para que possa também existir na farmácia comunitária como tantos outros", disse Isabel Aldir à agência Lusa no final do evento.

A diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida e Hepatites Virais explicou que a profilaxia de pré-exposição assenta atualmente apenas na rede e nos clínicos que recebem as pessoas com infeção por VIH.

"Só que estamos a falar de uma prevenção e a prevenção deve estar o mais próximo possível da população e temos ainda de ter consciência de que estamos a tratar, por vezes, de populações que, por múltiplas razões, têm um acesso mais dificultado às estruturas formais de saúde", salientou.

Para a infeciologista, uma das "formas mais rápidas" e eficazes de chegar a estas pessoas é "trabalhar com organizações de base comunitária que conhecem essas populações" e que têm "uma facilidade muito grande" no contacto com elas.

"Não se exclui aqui os cuidados de saúde primários, nem os cuidados hospitalares, que também têm um papel muito importante a fazer, mas este trabalho conjunto com a organizações de base comunitária será certamente" fundamental.

No seu entender, é também necessário aumentar a literacia dos profissionais de saúde para que poderem identificar e disseminar a informação junto das suas populações.

"E eventualmente se virmos que estão esgotadas todas as capacidades de resposta dentro do SNS equacionar a possibilidade de poder haver acesso à PrEP em termos de medicina privada", uma realidade que existe em muitos países, admitiu.

Neste caso, sublinhou que a sua única reserva é garantir que a utilização e os dados referentes a essa utilização sejam obrigatoriamente monitorizados.

"O que me importa é qualquer pessoa que precise de PrEP tenha acesso a ela e isso é que deve ser de facto o nosso objetivo", disse, rematando: "Temos ainda um longo caminho a percorrer, mas temos que o percorrer de uma forma rápida porque se não o fizermos todo o beneficio que poderíamos tirar da PrEP não vai ser conseguido da forma como poderia ser feito".

Segundo o relatório "Infeção VIH e SIDA - situação em Portugal em 2019", a maioria das pessoas que estão a fazer profilaxia PrEP são homens, muito escolarizados e que vivem nas grandes cidades.

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