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​Forças de segurança “no limite” mostram “cartão vermelho” ao Governo

21 jan, 2020 - 19:52 • Lusa

Elementos da PSP e GNR protestaram em Lisboa, Faro e Braga. Representantes sindicais entregaram uma carta aberta para exigir atualizações salariais e um subsídio de risco.

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Centenas de elementos da PSP e GNR manifestaram-se esta terça-feira em Lisboa, Braga e Faro. Mostraram o “cartão vermelho” ao Governo e dizem estar no limite.

Cerca de uma centena de elementos da PSP e da GNR concentraram-se no Ministério das Finanças, em Lisboa, para entregar uma carta aberta para exigir atualizações salariais e um subsídio de risco.

Convocada por sete sindicatos da PSP e pela associação dos profissionais da guarda (APG/GNR) esta concentração em Lisboa realiza-se em simultâneo com outras duas em Braga e em Faro.

Com algumas bandeiras sindicais os manifestantes mostram cartões vermelhos enquanto uma delegação de dirigentes vai entregar a carta no Ministério das Finanças.

Na missiva dirigida ao ministro Mário Centeno os polícias dizem que estão desmotivados e queixam-se da falta de meios, equipamentos e assistência na saúde e exigem a criação de suplementos e subsídios, nomeadamente o de risco.

Protesto de Braga antes do futebol

Dezenas de elementos da PSP e da GNR mostraram cartões vermelhos ao Governo junto ao Estádio Municipal de Braga, onde esta terça-feira vai realizar-se o jogo entre Sporting de Braga e Sporting, a contar para a meia-final da Taça da Liga.

Além dos cartões vermelhos, os manifestantes também fizeram uso de apitos para "marcar as faltas" que consideram estarem a ser cometidas pelo executivo de António Costa no que se refere ao tratamento dado às forças de segurança.

"O principal motivo da nossa revolta é a falta de atualização salarial, que já vem desde 2009", disse o líder da Associação Sócio-Profissional da Polícia.

Segundo Paulo Rodrigues, a não atualização ganha contornos "mais dramáticos" face aos "baixos salários" auferidos pelas forças de segurança.

Sublinhou que um polícia em início da carreira ganha 789 euros, "só mais 39 euros que o salário mínimo".

Há também polícias com 31 anos de serviço que, sem suplementos, ganham 1.200 euros. "É miserável", referiu.

Policias e GNR de Faro no limite

Quase uma centena de elementos das forças de segurança também se manifestaram no Jardim Manuel Bivar, em Faro, afirmando ter chegado ao limite e prometendo só parar a luta quando o Governo cumprir as promessas feitas.

Com cartazes como "Portugal é o 3º país mais seguro do mundo porque há cerca de 40 mil palhaços que olham por 10 milhões, até quando?" ou "Palhaços Segurança pública, chegámos ao limite" muitos manifestantes levavam na cara um nariz vermelho.

"É uma forma simbólica de caracterizar a forma como estamos a ser tratados pelo governo", afirmou à Lusa José Rosado, polícia há 28 anos.

"Não nos vencem pelo cansaço", afirmou Fernando Raposo, secretario nacional da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) para o Algarve, revelando que a intenção da manifestação é mostrar que estão presentes e assim vão continuar "todos os meses" até que as reivindicações dos profissionais sejam garantidas.

"A ideia é que as coisas mudem, mas mudem efetivamente! Não é andarmos em negociações constantemente e o assunto cair no esquecimento", defendeu.

As reivindicações passam pela reposição dos suplementos que "foram retirados indevidamente" desde 2011, o subsídio de riscos, "já aprovado na Assembleia da República", a atualização salarial, a criação de legislação relacionada com higiene e saúde, aumento do efetivo e mais e melhor equipamento de proteção pessoal e a constate falta de material, adiantou.

"Só em Faro estão cerca de 30 viaturas à espera de verba para serem reparadas. Dizem que pode ser em março..." lamentou o sindicalista.

Na manifestação de Faro marcaram também presença polícias de Beja, fazendo-o "na hora da folga", como afirmou à Francisco Passinhas, dirigente nacional da ASPP/PSP e 3.ª geração de polícias com "100 anos de serviço na família".

O sindicalista realçou que o subsídio de risco "foi aprovado pelos deputados na Assembleia" e não está a ser aplicado, "alguém não está a cumprir a lei, assim como o estatuto". O dirigente destacou que 45 anos depois do 25 de abril ainda "há cidadãos de segunda", algo que se vai manter enquanto o direito à greve "não chegar a todos os cidadãos".

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