30 jul, 2019 - 11:48 • Beatriz Lopes
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Portugal está na rota de tráfico de pessoas e não apenas como ponto de passagem. “Somos um país de risco. Em primeiro lugar, porque somos uma rota e, em segundo lugar, porque somos também um local de destino”, alerta na Renascença o diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal.
“Estamos aqui perto do Mediterrâneo, somos ponte entre a África e a Europa, somos também ponte entre a América Latina e o resto da Europa, portanto, somos um país que reúne uma especial confluência para estar na rota de tráfico de seres humanos e também um país de destino, para onde as pessoas vêm", acrescenta Pedro Neto.
Por isso, tal como outros países europeus, Portugal deve tomar medidas para combater os perigos das redes de passadores e traficantes de seres humanos.
Numa altura em que a Europa continua confrontada com o problema das migrações, com migrantes e refugiados a arriscar a vida em viagens de barco para chegar à Europa, o diretor da Amnistia Internacional insiste que só vai ser possível combater o flagelo do tráfico humano quando os líderes europeus permitirem rotas seguras.
"Se dermos a estas pessoas rotas legais e seguras, mecanismos fáceis para elas entrarem nos países e recomeçarem a sua vida – porque é apenas o que elas querem – depois então, quando houver estabilidade nos seus países, podem regressar se assim quiserem. Basta haver vontade e meios políticos e na administração pública para o fazerem", defende.
A Amnistia Internacional em Portugal esclarece ainda que, muitas vezes, as vítimas de tráfico humano não são raptadas, mas sim aliciadas por pessoas conhecidas, o que leva a que sejam alvo, sobretudo, de exploração sexual e de exploração laboral.
"Os principais motivos do tráfico de seres humanos têm que ver com exploração sexual e isto abrange muito mais mulheres e também crianças. E depois a exploração laboral, que abrange mais homens”, aponta Pedro Neto.
“Da Ásia, vêm pessoas mais frágeis, sobretudo homens, que procuram encontrar sítios para uma nova oportunidade de trabalho e que vêm ao engano e acabam por não ter um emprego; são explorados como escravos", adianta.
De acordo com o último Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas, divulgado em janeiro de 2019, são cada vez mais os países a identificar e a denunciar vítimas deste fenómeno. O documento revela ainda que a exploração sexual continua a ser o principal objetivo do tráfico, representando cerca de 59% dos casos.