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Luanda Leaks. Ana Gomes critica "dois pesos e duas medidas" da justiça

27 jan, 2020 - 10:53 • Lusa

Ex-eurodeputada diz que "tudo está capturado por interesses" e que isso explica muitas outras incoerências a que "temos assistido nos últimos anos em Portugal".

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A ex-eurodeputada Ana Gomes criticou os "dois pesos e duas medidas" da justiça portuguesa em relação a Rui Pinto, a fonte dos documentos que levaram ao Luanda Leaks, exigindo que o hacker tenha estatuto de denunciante.

"Há dois pesos e duas medidas", disse à Ana Gomes, considerando "completamente obsoleta a posição daqueles que no sistema judiciário [português] não querem querer conhecer a luta, que é serviço público, por parte de um denunciante que expõe criminalidade organizado".

Rui Pinto, criador do Football Leaks, uma plataforma onde foram publicados vária documentação secreta relativa a transferências e contratos de jogadores, vai responder em julgamento por 90 crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão.

O pirata informático português está a ser julgado por Portugal por acesso ilegal a documentos, mas a justiça portuguesa já aceitou colaborar com a sua homóloga angolana, que utiliza documentação recolhida por Rui Pinto para acusar a empresária Isabel dos Santos de má gestão de dinheiros públicos.

Essa posição da justiça portuguesa, ao contrário de outros países europeus que aceitaram a documentação de Rui Pinto, "servem à criminalidade que capturou o sistema" judicial, disse a ex-eurodeputada.

"Tudo está capturado por interesses. Tudo o que tem poder para dar combate à criminalidade e corrupção no sistema político, económico e social é vulnerável e está infiltrado e é isso que explica muitas outras incoerências a que temos assistido nos últimos anos em Portugal", acusou Ana Gomes.

Esta segunda-feira, os advogados de Rui Pinto assumiram, numa nota de imprensa, que o seu cliente é a fonte dos documentos que deram origem ao Luanda Leaks, uma investigação jornalística internacional, que visou o enriquecimento de Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, e que motivou a ação da justiça de Angola contra a empresária, acusada de má gestão e desvios de dinheiro quanto era administradora da petrolífera estatal Sonangol.

"Bem-vindos à era digital: serve para o mal, mas também serve para combater o mal e sem dúvida que está mais do que demonstrado aquilo que vinha há muito tempo dizendo é que Rui Pinto prestou um extraordinário serviço à luta contra a criminalidade organizada e contra a corrupção em Portugal, para além de Portugal", comentou ainda Ana Gomes.

Rui Pinto "é um denunciante e tem de ter um estatuto de denunciante para as autoridades portuguesas", acrescentou, considerando que o hacker "tem de ser aproveitado" pela justiça portuguesa para "dar combate à corrupção e criminalidade organizada, branqueamento de capitais, financiamento de terrorismo e outra criminalidade associada".

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  • JC 4357
    27 jan, 2020 VF Xira 16:57
    Eu também acho que o crime de violação de correspondência está acima de tudo, isso é que é grave. E se num crime de homicidio, a única prova do crime fosse obtida de forma ilegal, essa prova não devia ser aceite e nem se devia investigar o homicida, apenas prender quem conseguiu a prova de modo ilegal. É isto que acha a justiça portuguesa do Football Leaks. Eu e muitos comentadores achamos bem que seja assim. Hoje estou sarcástico, mas tem de ser... com esta justiça da treta...
  • raul Silva
    27 jan, 2020 12:54
    Ana Gomes tem razão, apenas se equivocou ao não dizer que ela mesmo é um bom exemplo de quem tem dois pesos e duas medidas. Ontem, no Jornal da Noite da SIC Notícias, chamou racista ao agente da PSP que deteve a cidadã luso-angolana, como ela bem frisou, mas nada disse sobre o ataque ao motorista da Vimeca. Além disso, estará também, por certo, com graves problemas de memória pois quando fala em racismo esquece-se dos tempos em que militava no MRPP e no espancamento de que foi alvo Marcelino da Mata, cidadão luso-guineense, da parte de militantes daquele partido político. Também não se compreende que, de tantas críticas feitas a Isabel dos Santos, nunca tenha comentado a denúncia feita por esta sobre o financiamento do Grupo Bilderberg à SIC e o objetivo do mesmo. Talvez por ser comentadora da SIC. Na verdade, há conveniências e inconveniências.
  • Digo Eu
    27 jan, 2020 Cá 12:07
    Segundo Ana Gomes "...o hacker "tem de ser aproveitado" pela justiça portuguesa para "dar combate à corrupção e criminalidade organizada, branqueamento de capitais, financiamento de terrorismo e outra criminalidade associada". " fim de citação. Ou seja, feche-se a unidade cibernética e o departamento de investigação específico da Judiciária: a partir de agora, será o Rui Pinto a "investigar", leia-se a invadir servidores. Era "isto" ou parecido com "isto" que ela andava a fazer na Europa? Se sim, então não é de admirar que nem o partido dela, tenha serventia para ela. Quem andou a propo-la para candidata a Presidente da República, deve andar agora de olhos no chão.
  • Espantoso!
    27 jan, 2020 Ouve-se cada uma 11:56
    O que vale é que as opiniões da Tipa, ninguém escuta, a não ser a laia dela. Fazer dum pirata informático extorsionário, um misto de "herói e denunciante" e ainda por cima defender que a investigação de corrupção deve ser orientada por táticas de piratagem informática, diz muito sobre Ana Gomes.

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