01 fev, 2020 - 20:07 • Lusa
Cerca de três centenas de pessoas desceram este sábado a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para protestar contra a “violência policial” e pedir justiça para a mulher alegadamente agredida pela polícia na Amadora. “Racismo e fascismo não passarão” e “direitos iguais”, foram algumas das palavras de ordem proferidas pelos manifestantes, durante o percurso entre a rotunda do Marquês de Pombal e o Rossio, sempre acompanhado por um forte contingente policial.
Esta ação de protesto foi convocada por vários movimentos e associações antirracistas, entre elas o SOS Racismo, Instituto da Mulher Negra em Portugal, Brutalidade Policial, Consciência Negra, Frente Antifascista, Djass - Associação de Afrodescendentes.
Alguns deputados deslocaram-se ao local de partida da manifestação para demonstrar a sua solidariedade, nomeadamente Beatriz Dias (Bloco de Esquerda), Joacine Katar Moreira (eleita pelo Livre) e Rita Rato (PCP).
Em declarações aos jornalistas, a deputada bloquista afirmou que “os recentes casos envolvendo a PSP e a comunidade africana não podem ficar sem resposta”. “É extremamente importante olhar para eles como são. Casos de violência racista, na medida em que eles afetam de uma forma bastante desproporcional pessoas provenientes das comunidades racializadas”, sublinhou Beatriz Dias.
Por seu turno, a deputada eleita pelo Livre, Joacine Katar Moreira, defendeu que a luta antifascista e racista “deve ser de toda a sociedade civil e não apenas dos afrodescendentes”. “Queria apelar aqui a uma maior participação, pois ainda é insuficiente”, apontou.
Presente na manifestação esteve também a mãe de Cláudia Simões, a mulher que foi detida há duas semanas na Amadora pela PSP e que diz ter sido agredida por um polícia. “O regime tem de mudar. A minha filha não é um animal. Ela nem sequer consegue sair de casa. Só quero que se faça justiça”, afirmou, de forma emocionada, Maria Simões.
Além de Cláudia Simões, os participantes neste protesto evocaram o nome de Giovanni Rodrigues, jovem cabo-verdiano que perdeu a vida em Bragança, em dezembro do ano passado, e de Alcindo Monteiro, assassinado em 1995 em Lisboa por um grupo de extrema direita.
A manifestação terminou no Largo de São Domingos, na zona do Rossio, com intervenções de vários ativistas antirracistas, não se tendo verificado quaisquer incidentes.