Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Tancos. Azeredo Lopes volta a negar ter recebido memorando, juiz diz-se perplexo com versões diferentes

03 fev, 2020 - 14:08 • Ana Rodrigues com Lusa

Segundo a acusação do Ministério Público, a recuperação do armamento furtado dos paióis de Tancos, em junho de 2017, deve-se a um “verdadeiro pacto de silêncio entre Azeredo Lopes e os arguidos da GNR, PJM e que todos criaram sérios obstáculos à descoberta da verdade material".

A+ / A-

O juiz de instrução do processo de Tancos manifestou-se esta segunda-feira perplexo com as versões divergentes sobre o caso do furto e recuperação das armas e esperava que o ex-ministro da Defesa e arguido Azeredo Lopes desempatasse.

À saída para o almoço, o ex-ministro não quis comentar como está a decorrer o seu interrogatório no tribunal de Monsanto. Contudo, segundo informações apuradas pela Renascença, Azeredo Lopes voltou a negar ter recebido, no final de outubro, o memorando sobre Tancos - documento incriminatório que poderá provar que sabia da operação da Polícia Judiciária Militar (PJM) para recuperar as armas furtadas dos paióis de Tancos, como refere Vasco Brasão.

Segundo fonte ligada ao processo, o juiz Carlos Alexandre, durante o interrogatório de Azeredo Lopes hoje de manhã, quis esclarecer as diferentes ´nuances´ que existem nas versões do ex-diretor da Polícia Judiciária Militar e arguido Luís vieira e do antigo chefe de gabinete do ministro Martins Pereira.

Carlos Alexandre disse mesmo estar à espera que o ex-ministro desempatasse já que, o ex-diretor da PJM apresentou uma versão e o chefe de gabinete Martins Pereira apresentou outra.

Azeredo Lopes disse ainda ao juiz que teve conhecimento de que havia um informador [Paulo Lemos/Fechaduras] da Polícia Judiciária, mas que este estava com medo porque tinha recebido informações de que a Polícia Marítima se preparava para lhe colocar armas no quintal de casa no âmbito de outro inquérito.

Paulo Lemos tem um passado ligado à criminalidade violenta relacionada com o controlo de estabelecimentos de diversão noturna do Porto.

O interrogatório de Azeredo Lopes, que está acusado de denegação de justiça, prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário e abuso de poder, continua hoje à tarde depois da manhã ter sido preenchida com perguntas do seu advogado intercaladas com algumas questões do juiz.

À entrada do Tribunal de Monsanto, o ministro não prestou declarações aos jornalistas sobre o caso, dizendo que tudo o que tinha a dizer falaria na sessão e que iria esclarecer tudo o que lhe fosse possível.

Segundo a acusação do Ministério Público, a recuperação do armamento furtado dos paióis de Tancos, em junho de 2017, deve-se a um “verdadeiro pacto de silêncio entre Azeredo Lopes e os arguidos da GNR, PJM e que todos criaram sérios obstáculos à descoberta da verdade material".

Azeredo Lopes demitiu-se do cargo a 12 de outubro de 2018.

Nove dos 23 arguidos do processo de Tancos são acusados de planear e executar o furto do material militar e os restantes 14, entre eles Azeredo Lopes, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

O inquérito de Tancos investigou o furto, em 28 de junho de 2017, e as circunstâncias em que aconteceu a recuperação de grande parte do material militar, em 18 de outubro do mesmo ano.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • José Gaspar
    03 fev, 2020 Leiria 14:59
    Já eu estou perplexo com esta justiça ou falta dela, sobre os ladrões de Tancos a justiça não está perplexa porque será? Depois admiram-se de nós cidadãos não confiarmos nem acreditarmos na dita “justiça”.

Destaques V+