05 fev, 2020 - 13:57 • Ana Rodrigues
António Costa já respondeu ao questionário do juiz Carlos Alexandre no âmbito do processo de Tancos em fase de instrução e nega ter tido qualquer conhecimento da encenação da recuperação das armas.
No despacho de 50 páginas a que a Renascença teve acesso, António Costa garante que só soube do assalto aos paióis de Tancos a 28 junho 2017, informação que lhe foi dada “pelo então ministro da Defesa Azeredo Lopes”.
Diz ainda o primeiro ministro que nunca falou com a casa Militar da Presidência da República sobre Tancos”.
Quanto à encenação para a recuperação do material militar garante que não soube de nada.
No questionário do juiz Carlos Alexandre é perguntado se o primeiro-ministro sabia da “concordância do ex-ministro da Defesa a Luís Vieira para que este avançasse para a recuperação do material à margem da Polícia Judiciária.
António Costa disse não saber e que “não creio que isso possa ter acontecido já que Azeredo Lopes sempre desempenhou com lealdade as suas funções”.
Diz ainda que não teve conhecimento da referida reunião de 4 agosto de 2017, onde Luís Vieira terá entregue três documentos ao ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes, entre eles o tão falado memorando. Costa adianta que só teve conhecimento da recuperação do material “durante a manhã do próprio dia através de um telefonema de Azeredo Lopes”.
Refere ainda o primeiro-ministro que soube que a procuradora-geral da República falou com o ministro da Defesa em outubro de 2017 onde dava conta da “intenção de enviar uma participação por escrito para efeitos de abertura de um processo disciplinar porque estaria descontente com a atuação da Polícia Judiciária”.
Questionado pelo juiz se teve conhecimento da encenação através de um documento entregue por Luís Vieira ao ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes, o primeiro-ministro diz que no dia 12 outubro de 2018 mostrou ao ministro da Defesa “um documento confuso, onde resulta claro que a recuperação do material decorreu em paralelo e sem conhecimento da Polícia Judiciária.”
Questionado se não tinha ordenado qualquer medida de atuação, António Costa refere “que não se impunha a adoção de outras medidas”.
Depois de terem surgido várias notícias dando conta de partes das respostas de António Costa ao tribunal, o gabinete do Primeiro-ministro decidiu publicar o documento na íntegra.
Numa nota enviada à Renascença o gabinete diz que "tendo sido postas a circular versões parciais do depoimento do Primeiro-Ministro como testemunha arrolada pelo Professor Doutor José Alberto Azeredo Lopes no chamado “Caso de Tancos”, entendeu o Primeiro-Ministro dever proceder à divulgação pública integral das respostas a todas as questões que lhe foram colocadas e que constam do depoimento já entregue ao Tribunal Central de Instrução Criminal, às 16h22 horas, do dia 4 de fevereiro de 2020."
As respostas foram publicadas em formato PDF e podem ser lidas na íntegra aqui.
[Notícia atualizada às 15h16]