09 fev, 2020 - 16:30 • Marina Pimentel
O advogado do ex-porta voz da Polícia Judiciária Militar (PJM) confirmou à Renascença que Vasco Brazão não vai falar na segunda-feira, no Tribunal de Monsanto.
Apesar de ter requerido a abertura de instrução, o major da PJM não vai responder às perguntas do juiz Carlos Alexandre nem de nenhum dos advogados dos outros 22 arguidos do processo de Tancos.
Ricardo Sá Fernandes diz que”tudo" o que o seu cliente "tinha dizer nesta fase do processo está dito no Requerimento de Abertura de Instrução e os depoimentos do ex ministro da Defesa e do seu chefe de gabinete e do ex diretor da Polícia Judiciária, o coronel Luís Vieira, confirmam a sua linha de defesa”.
Sá Fernandes argumenta que “não há nenhuma contradição pelo facto de ter requerido esta fase do processo, destinada a por em crise a acusação, e recusar [agora] ser interrogado pelo juiz Carlos Alexandre”.
No Requerimento de Abertura de instrução, que a Renascença leu, Vasco Brazão admite que participou numa operação para recuperar o armamento, mas diz que agiu sempre a mando do seu superior hierárquico, o coronel Luís Vieira.
Brazão reafirma também que, por mais que o ex-ministro da Azeredo Lopes e o seu chefe de gabinete tentem desvalorizar o memorando que lhes foi entregue a 20 de Outubro de 2017,”ao lê-lo, ninguém poderia ignorar que o que era relatado não correspondia à versão pública dada sobre o caso pelo Governo, Exército e PJM ,e era manifesto o mau estar entre a PJ e a Polícia Judiciária Militar”.
Vasco Brazão é o arguido que, numa conversa intercetada pela investigação, fala à irmã de uma personagem que designa de “papagaio-mor” e “papagaio-mor do Reino” que não iria "voltar a falar tão depressa" sobre o desaparecimento e o achamento do armamento de Tancos, pelo facto de ele próprio ter na sua posse um e-mail comprometedor que, entretanto, Ricardo Sá Fernandes já teria feito chegar á Presidência.
Durante o interrogatório no DCIAP, na fase de inquérito, Vasco Brazão terá dito que” papagaio-mor do Reino são vários, desde o Júdice, o Presidente da República, ao Miguel Sousa Tavares, que andam sempre aqui à volta, à volta de Tancos ,e outros".