14 fev, 2020 - 07:27 • Paula Caeiro Varela , Carla Caixinha
O ministro português dos Negócios Estrangeiros não vê nenhum sentido nas acusações feitas pelo governo venezuelano contra Portugal e contra a companhia aérea portuguesa TAP, que, segundo Caracas, terá transportado ilegalmente explosivos.
A TAP, citada pela imprensa venezuelana, reagiu a estas acusações através de um comunicado garantindo que são falsas, porque os sistemas de segurança impedem a entrada de explosivos a bordo dos aviões.
Pela parte do Governo de Lisboa, o ministro Augusto Santos Silva, que está de visita à Índia a acompanhar o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, considera que as acusações não têm sentido.
“Vamos distinguir duas coisas: em primeiro lugar, a companhia aérea já publicou um comunicado, mas de qualquer modo as autoridades policiais competentes vão averiguar se houve ou não alguma falha de segurança; já quanto à acusação dirigida ao Governo e ao embaixador português não faz nenhum sentido”, afirmou.
“Por via diplomática, vamos ver se a Venezuela nos dirige algum pedido de esclarecimento. Naturalmente, nenhuma nota verbal que é apresentada às autoridades portuguesas fica sem resposta”, acrescentou. O ministro referiu ainda que não é com atos de intimidação e detenções arbitrárias que se resolve a crise naquele país.
Nestas declarações sublinha que Portugal quer facilitar o “diálogo político entre as forças que de digladiam na Venezuela, para que haja uma transição pacífica”, que só se consegue com a realização de “eleições justas, transparentes e livres”.
Augusto Santos Silva lembra “que a situação que se vive na Venezuela tem efeitos regionais muito negativos, sendo preciso que sejam superados e que a crise humanitária seja resolvida. Tudo isso implica uma solução política em que todas as partes estejam envolvidas”.
As acusações polémicas foram feitas pelo número dois do regime de Bicolas Maduro, o presidente da assembleia Constituinte Diosdado Cabello. A companhia aérea portuguesa é acusada de ter violado “padrões internacionais”, por ter permitido o transporte de explosivos e por ter ocultado a identidade do líder da oposição, Juan Guaidó, num voo para Caracas.
Já o embaixador português em Caracas, Carlos Sousa Amaro, é acusado de interferir nos assuntos internos da Venezuela, ao interceder pelo tio de Juan Guaidó, Juan Marquez, que foi preso na terça-feira, quando aterrou no mesmo voo da TAP, acusado de transportar explosivos.