26 fev, 2020 - 14:59 • Olímpia Mairos
A ministra da Saúde, Marta Temido, garantiu, esta quarta-feira, em Bragança, que o seu Ministério está “a trabalhar, a Direção Geral de Saúde (DGS) e também outras áreas governamentais, no sentido de garantir que aquilo que é resposta de hospitais de primeira linha, mas também de segunda linha, estão preparados para o caso do surto alastrar, em termos do número, de casos em Portugal”.
A governante garantiu que a DGS está a acompanhar o desenvolvimento epidemiológico do surto, transpondo para o país as medidas que são recomendadas.
"Temos confiança no trabalho que estamos a fazer, no envolvimento de todos os profissionais de saúde, em especial da saúde pública, para pudermos garantir a resposta que os portugueses estão à espera. Fazemos todos esforços no sentido de ter a melhor resposta", afirmou Marta Temido, realçando a importância do trabalho de articulação e coordenação "com preocupação máxima e sem alarmismos".
Segundo a responsável pela pasta da saúde, “é previsível que, com aquilo que é uma situação epidemiológica ainda com muitos desconhecimentos, possamos ter casos no nosso país”.
Nesse contexto, reforçou Marta Temido, “aquilo que temos a fazer é preparar as respostas necessárias, caso isso aconteça”, afastando, para já, a possibilidade de Portugal vir a adotar medidas mais restritivas, nomeadamente no acesso a cidadãos provenientes de países ou regiões onde o surto está confirmado.
"Neste momento não temos recomendações da Organização Mundial de Saúde nem do Centro Europeu de Doenças nesse sentido. Ainda ontem mesmo [terça-feira], os países que fazem fronteira a norte com a Itália, optaram pela manutenção das fronteiras e do livre trânsito das pessoas. Vivemos num mundo onde as pessoas circulam e, portanto, temos de ter a consciência que isso comporta riscos", vincou a governante.
Questionada pelos jornalistas sobre se é prudente manter as várias viagens de estudantes programadas para esta época do ano, a ministra da Saúde referiu que a informação que importa vincular é a de “prevenção, relativamente a todos os cidadãos”.
E em termos de prevenção exemplificou com “a lavagem das mãos, o distanciamento social, a forma como se tosse, algum cuidado com aquilo que são as pessoas que vêm de locais onde tem havido transmissão do vírus na comunidade”.
“Estamos a falar concretamente, agora mais recentemente do norte de Itália, e daquilo que é a autovigilância e, sobretudo, a utilização das linhas de apoio para todos os cidadãos, quer os nacionais quera queles que estão de passagem”, refere a ministra.
“É sempre preferível utilizar o telefone do que as pessoas fazerem uma deslocação aos serviços de saúde porque, como sabem, isso pode por em risco a saúde dos profissionais de saúde e a saúde dos outros utentes que estejam eventualmente em espaços de utilização comum. O telefone é o melhor contacto”, declarou Marta Temido.
Segundo a governante, “existem planos de contingência para a área da saúde e existem vários planos de contingência que estão a ser articulados com outras áreas, alguns dos quais com protocolos já escritos, definidos, designadamente ao nível da área da hotelaria.
“Aquilo que estamos exatamente a ter neste momento, em termos de investimento, é na redação, na escrita de todos esses procedimentos, para que não haja qualquer dúvida sobre o que fazer, no caso de um caso positivo”, explica.
A ministra da Saúde, Marta Temido visitou hoje a ULS Nordeste, no âmbito da iniciativa "Governo mais próximo" que vai levar os governantes a percorrer o país ao longo da legislatura, com o objetivo de "entrar em contacto direto com cada região e a população", e exercer uma "governação de proximidade".
Amanhã, quinta-feira, António Costa, que começou o périplo de dois dias no distrito de Bragança no município de Alfandega da Fé, preside a um Conselho de Ministros descentralizado, no Cineteatro de Bragança, cuja agenda é maioritariamente dedicada à valorização do interior.
O balanço provisório da epidemia do coronavírus (Covid-19) é de pelo menos 2.763 mortos e mais de 81 mil infetados, de acordo com dados reportados por mais de 40 países e territórios.
Das pessoas infetadas, quase 30 mil recuperaram.
Além de 2.717 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França e Taiwan.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.
Em Portugal, já houve 17 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises. Um 18.º caso suspeito, de uma mulher acabada de regressar de Milão esta quarta-feira, está sob avaliação.
O único caso conhecido de um português infetado pelo novo coronavírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Tóquio.