28 fev, 2020 - 14:32 • Marta Grosso , Miguel Coelho (moderação da entrevista)
Mais mil chamadas por dia do que o habitual. A Linha de Saúde 24 (ou SNS 24) tem recebido muitos telefonemas para esclarecer dúvidas sobre o novo coronavírus – um total de 6.500 por dia.
Para fazer face ao aumento de chamadas e à propagação do surto de Covid-19, o SNS 24 foi reforçado com mais enfermeiros (mais de 100 “em atendimento sumiltâneo”) e existe todo um processo para determinar se a pessoa com sintomas pode estar infetada com o novo vírus.
“Uma pessoa que sinta que tem aqueles sintomas mais característicos – a tosse, a febre, as dificuldades respiratórias – e que ligue para o SNS 24 vai ser atendido por um enfermeiro, que vai fazer um conjunto de questões”, refere na Renascença a diretora do serviço, Arlete Monteiro.
“Há um protocolo que é seguido e, de acordo com esse protocolo pode, ou não, fazer sentido ativar a linha de apoio médico”, onde “estão médicos que vão falar com o enfermeiro – e, se necessário, com o utente – para tentar perceber se aquilo que nós chamamos os 'protosuspeitos' – uma pessoa cujo quadro é suficientemente parecido com aquilo que estamos a falar do coronavírus – deverá ser encaminhada para testes ou não”, explica.
Explicador
A Organização Mundial de Saúde considera que lavar(...)
Ou seja, depois da primeira fase de perguntas, por parte do enfermeiro, pode ser necessário passar a uma segunda fase – a linha de apoio médico, onde uma troca de informação entre os dois profissionais de saúde deverá permitir averiguar “se este é ou não um caso para estudo acrescido”.
“Se não for, a pessoa é informada disso e há uma proposta da chamada autovigilância: ir controlando a sua temperatura, ter em atenção as pessoas que estão consigo. No caso de a resposta ser que há hipótese de a pessoa poder estar contaminada, a linha vai dar um conjunto de instruções para a pessoa fazer os testes”, repete a responsável.
Arlete Monteiro avisa: todo este processo demora tempo.
O site do SNS 24 tem disponível uma série de perguntas e respostas sobre o novo coronavírus.
“São questões preparadas de acordo com as que nos estão a chegar”, revela a diretora do serviço, convidada desta sexta-feira no programa As Três da Manhã.
“Posso abrir uma encomenda que veio da China?”, é uma das perguntas. “Pode”, responde Arlete Monteiro. Mas há mais: “como é que o vírus se propaga, o que posso fazer para prevenir, se tiver de viajar o que faço”, entre outras mais detalhadas.
surto
A Direção-Geral da Saúde (DGS) informa que não exi(...)
E também questões relacionadas com os cuidados de higiene, que a diretora do SNS 24 sublinha na Renascença: “lavar com frequência e bem as mãos, evitar tossir ou espirrar para cima das outras pessoas e usar o cotovelo”.
A DGS anunciou entretanto um site só dedicado ao Covid-19.
Reconhecendo que “o vírus está em evolução”, Arlete Monteiro lembra que o uso de máscara é importante em duas linhas: proteção própria e proteção dos outros.
Se vai viajar para algum país com alto nível de infeção por Covid-19, pode ser útil levar uma máscara – é a proteção própria.
Mas o uso de máscara não é recomendada pela Direção-Geral de Saúde (DGS) para a população em geral em Portugal – apenas se estiver doente e aqui é, sobretudo, para proteção dos outros.
“Se estou com suspeitas, tenho sem dúvida de pôr a máscara e proteger os outros”, sublinha a diretora do SNS 24.
Em Portugal não existe ainda qualquer caso confirmado de infeção por Covid-19.