28 fev, 2020 - 09:01 • Rosário Silva
Os utentes de saúde do litoral alentejano estão em proteste, esta sexta-feira, em Lisboa. Defendem mais e melhores cuidados de saúde, numa região onde faltam médicos de família a pelo menos 11 mil utentes e os serviços são cada vez mais deficientes.
Em entrevista à Renascença, o presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARSA) reconhece que a situação não é a ideal, mas que tem contado com a colaboração dos profissionais de saúde para minimizar as consequências para as populações.
“Independentemente de termos aumentado o número de profissionais no litoral alentejano, ainda não atingimos o número que necessitaríamos”, reconhece José Robalo. “Nesse contexto, penso que as pessoas devem sentir essa falta de profissionais, mas, no entanto, temos contado com os profissionais que estão em exercício e que nos têm ajudado a superar algumas das dificuldades”, acrescenta.
A manifestação desta sexta-feira é mais um dos muitos protestos que as comissões de utentes do litoral alentejano levam a cabo, habitualmente, para denunciar a “escassez de cuidados de saúde e pela falta de profissionais” na região.
Alegam que são “vários problemas que persistem” nos serviços de saúde do litoral alentejano, que, recorde-se, abrange os municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no distrito de Setúbal, e Odemira, no distrito de Beja.
No que diz respeito aos médicos, “o contexto e o quadro que temos atualmente para colocação de profissionais tem-se mostrado de alguma forma insuficiente para aquilo que são as necessidades do Alentejo”, admite o presidente da ARS, explicando que os concursos são abertos, mas “ficam sem candidatos o que nos impossibilita de podermos assegurar o número de profissionais que gostaríamos para a população.”
Quanto aos enfermeiros, não existe dificuldade de contratação, havendo outras razões para a existência de carência.
Criar alguma equidade na região
“A 35 horas, temos mais 33 elementos do que tínhamos em 2015”, adianta o responsável. O problema dos enfermeiros prende-se, então, “com o turnover, ou seja, muitos dos profissionais fazem o seu processo de integração que nalguns serviços chega a ser seis meses”, esclarece José Robalo.
Significa isto que durante esse período as pessoas não estão escaladas, pois estão a fazer a sua integração no serviço e “quando acabam, muitas vezes, concorrem a hospitais mais próximos das suas residências e nós temos de começar o processo novamente”, lamenta o presidente da ARS do Alentejo.
Quanto à falta de médicos de família, as comissões de utentes falam em 11 mil pessoas sem médico de família, com o responsável pela saúde na região, a falar de “realidade complexa” em termos de fixação de profissionais de medicina geral e familiar.
“Temos feito a contratação de prestadores de serviços, que não são da especialidade, mas que nós consideramos que são pessoas que tem idoneidade para prestar os cuidados de saúde que as pessoas têm direito”, garante.
José Robalo revela que a sua preocupação tem sido “criar alguma equidade na região”, confiando ao Ministério da Saúde a implementação das medidas necessárias para garantir às pessoas os cuidados de saúde a que têm direito.