10 mar, 2020 - 19:05 • Teresa Paula Costa
A ARP – Associação de transportadores pesados de passageiros – tinha, na semana passada, pedido uma reunião aos ministros da Economia e do Ambiente para analisarem a situação que se vive no setor, na sequência do constante cancelamento de serviços devido à epidemia de Covid-19, mas o pedido ainda não obteve resposta.
Hoje, em reunião em Pombal, decidiram aguardar apenas até esta quinta-feira. Se o Governo não der resposta, na próxima segunda irão manifestar-se junto aos Ministérios da Economia e Trabalho, onde irão “entregar os contratos de trabalho e a identificação de todos os investimentos feitos nas viaturas para que os governantes tenham consciência do impacto social e económico que a epidemia do coronavírus está a ter no setor”, disse à Renascença o porta-voz do grupo.
Segundo João Coelho, os cancelamentos têm sido “ao minuto”. “Nós, enquanto estamos aqui, estamos a receber nos nossos escritórios cancelamentos e anulações de serviços que é impossível atualizarmos algo que acontece ao minuto”, disse João Coelho, numa conferência de imprensa no final da reunião.
Devido à epidemia, “neste momento não temos trabalho”. A situação é mais problemática pois “março era um mês normalmente forte para o transporte escolar”, além de ser “o início do serviço turístico de longa distância que nós tínhamos à procura do nosso território e da Península Ibérica e, neste momento, não há trabalho”, referiu o empresário.
João Coelho deu ainda o exemplo de um empresário que lhe transmitiu que, só durante a reunião da manhã, tinham sido cancelados 28 serviços. E as queixas sucedem-se.
Os prejuízos, contudo, não foram ainda apurados.
No final desta reunião, os empresários defenderam que as medidas que foram apresentadas esta segunda-feira pelo Governo não se adequam ao setor.
Nesta conferência de imprensa, João Coelho pediu “uma revisão das medidas ontem apresentadas pelo Governo até atendendo à especificidade do nosso setor.”
Para o empresário, o pacote de medidas “carece de uma explicação cabal sobre como podemos chegar a elas e carece de confirmação que os 200 milhões de euros previstos cheguem para todo o setor do turismo, inclusive para os autocarros.” Por outro lado, “todos nós gostaríamos de responder positivamente ao primeiro cliente que apareça a fazer um pedido verdadeiro de serviço, o que não podemos fazer num quadro de ‘lay-off’”.
Os empresários pedem ao Governo que siga o exemplo da França, ou seja, que opte por “uma suspensão dos contratos de trabalho financiada pela Segurança Social que nos permita, a qualquer momento, retomarmos a relação normal de trabalho.”
Nesta reunião em Pombal estiveram 55 das cerca de 250 empresas portuguesas que operam na área dos transportes turísticos de passageiros.