11 mar, 2020 - 10:58 • Marta Grosso , Anabela Góis (entrevistas)
“Todas as medidas para conter o vírus são importantes”, defende o bastonário da Ordem dos Médicos em reação ao eventual fecho das escolas, que será decidido nesta quarta-feira.
Em entrevista à Renascença, Miguel Guimarães considera que “a questão do encerramento de escolas é complexa”, porque implica pensar-se em soluções para as crianças.
“Mesmo que haja ensino à distância, dependendo das crianças de que estamos a falar, se são mais pequeninas ou maiores, a presença do adulto em casa é importante e, portanto, o encerramento das escolas tem de ter esta dupla visão”, considera.
Os pais podem, neste caso, recorrer aos avós – um grupo de risco, dado que o Covid-19 afeta os idosos de forma mais gravosa.
O bastonário da Ordem dos Médicos sublinha, contudo, que as crianças não estão infetadas.
“Neste momento, as crianças também estão com os avós e com os pais. Não me parece que o maior problema seja esse, mas claro que os idosos são um grupo de risco neste momento”, afirma.
Por tudo o que implica, Miguel Guimarães considera que o encerramento das escolas “pode ser uma decisão sensata, embora difícil”.
Opinião diferente tem o presidente do Conselho Nacional de Saúde Pública – o órgão que, nesta quarta-feira à tarde vai discutir o eventual encerramento preventivo das escolas em todo o país, antecipando as férias da Páscoa.
“Eu pertenço à Universidade do Porto, pertenço à ‘task force’ do Porto para o Covid-19 e a decisão da Universidade do Porto foi manter aquilo que é o seu centro de atividade – o ensino e a investigação. Acho que se compreende, aproximadamente, o que é que eu penso”, afirma à Renascença.
O primeiro-ministro já anunciou que vai seguir a decisão que sair da reunião de peritos desta tarde. Entretanto, de Norte a Sul do país já várias escolas e universidades decidiram fechar portas ou suspender as aulas presenciais ou ainda criar outras restrições ao aglomerado de pessoas.
Pela criança que “têm consigo”, as mulheres grávidas são sempre consideradas grupo de risco, pelo que devem “ter uma atenção particular e uma proteção especial”.
Ou seja, “devem evitar estar com muitas pessoas, evitar ir a superfícies que tenham muita gente e seguir à risca as regras que a Direção-geral de Saúde nos está a indicar”, afirma Miguel Guimarães.
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“Se as grávidas fizerem isso, da mesma forma que a população em geral, é muito difícil apanharem o vírus e isso é que tem de ser salvaguardado”, sublinha ainda.
O bastonário acrescenta que “não tem sido referenciado, mesmo na literatura internacional, que o facto de uma grávida vir a ter uma pneumonia seja um fator de mortalidade”.
No entanto, frisa, caso o filho de uma mulher grávida fique de quarentena, “essa situação deve ser salvaguardada até acabar” o isolamento.
“É fundamental que cada um de nós entenda que é um elemento essencial e ativo do esforço de prevenção”, reforça o presidente do Conselho Nacional de Saúde Pública.
Henrique Barros insiste que a mensagem que deve prevalecer é “aquela que tem sido sublinhada: temos de lavar as mãos, lavar as mãos, lavar as mãos”.
Depois, “não levar as mãos às mucosas – aos olhos, nariz e boca –; ter o cuidado de limpar as superfícies em que tocamos e mexemos”, que “podem ser limpas de forma simples”, utilizando “álcool ou lixívia diluída em água” e “reduzir os contactos”. Henrique Barros lembra que podemos manifestar afeto de outras formas além de abraços e beijinhos.
Na opinião do presidente do Conselho Nacional de Saúde Pública, estas são “as medidas que verdadeiramente ajudam a prevenir esta doença [o novo coronavírus] pela forma como ela é transmitida”.