12 mar, 2020 - 09:33 • João Cunha
Mesmo antes da abertura de portas, já são extensas as filas para aceder aos serviços, onde, por dia, são atendidos milhares de utentes. Os funcionários de Lojas do Cidadão queixam-se de falta de equipamento de proteção, de serem expostos a riscos desnecessários e de falta de formação para lidar com potenciais casos de utentes com o novo coronavírus.
Face à necessidade de travar a progressão do Covid-19, os funcionários receberam esta semana um plano de contenção com instruções sobre o que fazer no caso de haver uma pessoa com sintomas.
Neste espaço, dezenas de funcionários atendem todos os dias centenas de utentes.
Na China, onde o surto começou, registam-se os núm(...)
"Todos os dias de manhã há uma fila à porta das Lojas de Cidadão, com muitas centenas de pessoas. Nós fazemos uma triagem. Um a um, pessoa a pessoa, tentamos perceber o que vêm fazer, entregamos uma senha. Muitas vezes há contacto físico”, descreve à Renascença um responsável pela gestão de uma das lojas do Cidadão da Grande Lisboa, que quis manter o anonimato.
Não há máscaras para os funcionários, que têm ao seu dispor apenas um frasco de álcool para desinfetar as mãos – equipamento previsto no plano de contenção que o Ministério da Justiça fez chegar às Lojas do Cidadão, com procedimentos e medidas que os funcionários temem que não sejam suficientes.
“A minha preocupação maior é a falta de condições de proteção e prevenção não loja, onde há centenas de pessoas por dia num espaço fechado, e onde não há qualquer tipo de contenção de contacto pessoal com os utentes”, reconhece o mesmo responsável, chamando a atenção para o facto de o atendimento ser feito cara a cara e que surgem pessoas das mais diversas nacionalidades.
Estes funcionários não tiveram qualquer formação nesta matéria, apenas receberam um e-mail dos Recursos Humanos com o plano de contenção.
Esta semana, o Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado criticou a ministra da Justiça por não atender às preocupações da ministra da Saúde no que se refere à prevenção da propagação do Covid-19, pedindo que se encerrem as Lojas de Cidadão de todo o país, à semelhança do que aconteceu em Felgueiras e em Lousada.