17 mar, 2020 - 20:21 • Redação com Lusa
A Autoridade de Saúde Regional dos Açores pediu, esta terça-feira, a colaboração da Polícia de Segurança Pública (PSP) na identificação de situações de incumprimento de quarentena, devido ao surto de Covid-19, revelou o seu responsável máximo, Tiago Lopes.
“Existe esta não adequação da atitude e do comportamento da população por aquilo que têm sido as recomendações já demais emanadas por todas as entidades regionais e nacionais. Tivemos de ter um contacto próximo com o comando regional da Polícia de Segurança Pública para que nos possa auxiliar nesta medida”, avançou Tiago Lopes, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Todos os passageiros de voos do exterior que aterrem nos Açores estão obrigados a cumprir um período obrigatório de quarentena de 14 dias, devido à pandemia do novo coronavírus.
De qualquer forma, o Governo Regional dos Açores "recomenda publicamente e vivamente" o adiamento e o cancelamento de viagens para a região.
“Contactámos com companhias aéreas e com aeroportos para que os mesmos, nas portas de embarque, informassem que, a vir gente para a Região Autónoma dos Açores, poderia ser submetida a um período de quarentena de 14 dias”, reforçou.
“Estamos a socorrer-nos de forças de segurança adicionais que possam colaborar connosco na verificação do cumprimento da medida que foi imposta, da quarentena, porque infelizmente a primeira e aquela que se esperaria, que era mais fácil, que exigiria menos recursos, que era a responsabilidade e consciência de cada cidadão, não está a acontecer”, frisou.
O responsável da Autoridade de Saúde Regional deu como exemplo o caso de uma pessoa da ilha de São Jorge que foi encaminhada para o hospital da ilha Terceira com suspeita de Covid-19. Foi-lhe determinado um período de quarentena e não cumpriu, alegando que “poderia atentar contra a sua saúde e contra a saúde da população”.
“Considero uma medida extremamente infeliz, porque não haveria necessidade de tomarmos medidas como a que referi, mas, infelizmente, a atitude e o comportamento da população leva-nos a este efeito”, apontou.
Segundo a Autoridade de Saúde Regional, quem não cumprir a quarentena determinada infringe o artigo 348.º do Código Penal, podendo estar sujeito a pena de prisão até dois anos ou a uma multa de 240 dias.
Também esta terça-feira, a Secretaria Regional da Saúde do Governo dos Açores revelou que haverá “um reforço de 20% dos stocks de medicamentos, dispositivos médicos e equipamentos de proteção individual no âmbito da pandemia de Covid-19".
O anúncio surge depois de a Ordem dos Enfermeiros regional ter alertado para falta de material de proteção individual, como máscaras e luvas. Na sequência desse alerta, a Secretaria da Saúde disse à agência Lusa que está a fazer o "ajustamento de EPI [equipamento de proteção individual] entre unidades [de saúde], com o objetivo de melhor responder às necessidades e especificidades de cada unidade e ilha".
“Estamos a trabalhar para responder às necessidades" de cada unidade de saúde, indicou a Secretaria Regional.
Na resposta remetida à Lusa, a tutela afirma que os serviços regionais de Saúde e de Proteção Civil foram reorganizados e reforçados, face à pandemia de coronavírus, "garantindo que todos os profissionais têm acesso a EPI e, desta maneira, a uma prática segura".
"O stock de EPI é monitorizado diariamente de forma centralizada, desde 5 de março, em colaboração com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS)", esclareceu ainda o executivo.
Nos Açores, há um caso confirmado de Covid-19, estando ainda a aguardar resultados laboratoriais oito casos suspeitos, dois dos quais cujos primeiros testes foram inconclusivos.