18 mar, 2020 - 13:19 • Eduardo Soares da Silva
A Diretor-Geral da Saúde, Graça Freitas, revelou, esta quarta-feira,, em conferência de imprensa, que cerca de 80% dos casos infetados com coronavírus ficarão em regime de autocuidado domiciliário, depois do número de casos internados ter descido para 89.
"Esta doença tem uma regra aparentemente simples, 80-15-5. Significa que 80% dos casos vão ficar em autocuidados domiciliares, acompanhado pelo médico de família. 15% estará em enfermaria geral e 5% poderão precisar de cuidados intensivos. Numa fase inicial, internamos todas as pessoas, mas, à medida que o quadro estabilizou, as que têm capacidade de ficar em casa, pelas condições do domicílio, ficarão em casa. Muitos países já não internam estes 80%", afirmou, em conferência de imprensa.
Prioridade terão as pessoas que integrem os grupos de risco, como revela António Lacerda, secretário de Estado da Saúde: "Essa vai ser uma das nossas maiores preocupações, os idosos, doentes oncológicos, diabéticos, pessoas com doenças crónicas. Vamos tentar de forma articulada separar doentes nessa situação".
O rastreio nas fronteiras é uma medida que está a ser equacionada: "Vamos reduzir as fronteiras, pelo menos as aéreas. Estão a ser equacionadas desde medidas de quarentena até ao rastreio primário e secundário à entrada", disse Graça Freitas. António Lacerda garante o reforço de equipamentos.
"Todos os dias estamos a ir ao mercado para reforçar todos os equipamentos. Até ao final da semana, serão distribuídos 2 milhões de máscaras. Este contingente será reforçado também", explica.
Privado ainda não foi requisitado e óbito confirmado
António Lacerda, admite que o setor privado ainda não foi requisitado, apesar de muitas instituições já terem demonstrado disponibilidade.
"Temos um plano nacional, regional e local. Na autonomia de muitas instituições, é normal que façam planos de contingência locais. O eixo é em escala, que vem de cima para baixo. Estamos a aceitar todas as disponibilidades, agradeço ao privado, que são integrados numa gestão estratégica para atuarmos em conformidade. Ainda não recorremos ao privado. Estamos a entrar numa situação em que vamos ter de acionar todos os meios, para além do INEM, Cruz Vermelha, e os bombeiros naturalmente também terão de entrar em ação", explicou
Graça Freitas confirmou mais uma morte devido ao coronavírus e revela que já começa a ser possível perceber o movimento da curva epidémica em Portugal.
"Temos dois óbitos confirmados por Covid-19. Condolências à família, trata-se de um homem que estava internado no Hospital Curry Cabral. Estamos a comunicar com toda a transparência e queria dar mais uma informação Temos um grupo de cientistas, médicos de saúde pública, epidemiologistas a trabalhar e já é possível ter alguma ideia para onde caminhamos em termos da curva epidémica. Os especialistas estão reunidos para fazer o ponto da situação que permita entregar aos decisores políticos a melhor evidência técnica e cientifica", termina a Diretora-Geral da Saúde.
Ovar preocupa e deixa todo o país em alerta
O governo declarou estado de calamidade pública em Ovar, devido aos fortes indícios de contaminação comunitária. António Lacerda admite preocupação acrescida, mas diz que o concelho deverá servir de exemplo para todo o país.
"Ovar é um caso que inspira preocupação devido aos fortes indícios de contaminação comunitária. Uma palavra de alento, porque esta é a melhor forma de proteger a saúde. Este caso deve servir para nos deixar a todos alerta. Conscientes de um vírus que se propaga com esta velocidade. Ainda estamos no início do caminho. Só o sacrifício individual dará origem a uma vitória coletiva", remata.