19 mar, 2020 - 09:00 • Carla Fino
A Covi-19 acabou por aproximar os portugueses, mesmo em tempo de quarentena (seja ela forçada ou voluntária). A pensar nos mais vulneráveis e nos que, por diversas razões não podem sair à rua, surgiu a plataforma SOS Vizinho.
Nasceu na passada semana e já conta com mil voluntários das mais variadas áreas profissionais em todo o país. Foi criada a partir de uma conversa nas redes sociais, conjugando a boa vontade de muitos internautas e o desafio de fazer algo diferente.
Cláudia Pereira, coordenadora do projeto, diz à Renascença que a ideia só seria possível “com pessoas e unindo pessoas”.
“É que esta pandemia gera um certo contrassenso: por um lado, obriga-nos a estar longe dos outros, mas por outro lado, para a conseguirmos ultrapassar, temos que nos juntar”, destaca.
Mas não é fácil criar esta rede de interajuda, admite: “tenho de juntar pessoas de confiança. Temos de ter noção que nós estamos à distância. Então qual foi a nossa estratégia? Fomos para o LinkedIn e aí já consigo ter uma cara e perceber quem é aquela pessoa, onde trabalha e qual o seu percurso profissional. E isso para nós pareceu-nos ser fulcral para que este projeto tivesse sucesso”, explica.
Todos quantos queiram ajudar podem participar. Cláudia Pereira quer alargar o projeto a todo o país, mas é um processo lento. Para que funcione, diz, é preciso ajuda: “há muita burocracia, há questões de processo, de logística e há aqui também a questão de segurança, quer por parte do voluntário quer por parte do próprio grupo de risco”.
Covid-19
Um pouco por todo o país, está a crescer a ajuda a(...)
“Temos de salvaguardar tudo isto. Temos muita energia, muita vontade,
queremos que isto aconteça, mas a verdade é que temos de envolver também as empresas. Elas, mais do que ninguém, têm estrutura e facilmente poderão ajudar-nos”, sublinha a coordenadora.
Por isso, fica o apelo aos empresários: “face às necessidades que temos, se achar que pode ser uma mais valia para o nosso projeto, peço, por favor, contactem-nos”.
A plataforma está disponível nas redes sociais e em SOSVIZINHO.pt.
Conhecendo as fragilidades da sua população, a Junta de Freguesia do Areeiro, em Lisboa, lançou um serviço gratuito direcionado aos mais velhos.
O presidente, Fernando Braamcamp, explica que basta fazer o pedido na Junta. “Vamos ao supermercado ou à farmácia e no dia seguinte entregamos em casa de cada um. É um serviço gratuito, as pessoas só pagam os produtos e medicamentos no acto da entrega”.
O serviço conta já com algumas de pedidos, mas Fernando Braamcamp sublinha que a iniciativa é “apenas e só para a população da freguesia mais vulnerável. Temos de dar prioridade a quem se destina o programa. Primeiro que tudo, estão aqueles que mais necessitam. E é a esses que nós devemos e temos de dar apoio”.
"É absolutamente essencial que os mais velhos fiqu(...)
Já a Junta de Freguesia de S. Domingos de Benfica decidiu assumir todas as despesas e transporte de bens essenciais a todos os fregueses de maior risco. E não fica por aqui. Tendo em conta as fragilidades de uma freguesia que também vive do comércio local, o presidente da Junta, António Cardoso, explica que este apoio excecional também vai abranger os lojistas.
“No comércio global, estamos a desenvolver esforços para que as taxas deixem de ser nesta altura cobradas. Por exemplo, as licenças. Vamos atrasá-las ou anulá-las durante 30 dias”, adianta.
Plano foi divulgado pelo presidente da Câmara nas (...)
As ondas de solidariedade estão também a crescer junto das empresas que, percebendo as dificuldades que a pandemia está a afetar na vida das populações, promovem ações de voluntariado, disponibilizando também serviços gratuitos de várias áreas, como descontos ou a facilidade de pagamentos de faturas e até oferecendo alojamento aos profissionais de saúde.
Nestas semanas marcadas pela pandemia do novo coronavírus, muitas são as iniciativas da sociedade civil e das instituições que promovem ações de voluntariado e de serviços.