20 mar, 2020 - 14:28 • Luís Aresta
A população de Estarreja vive dias de autêntico "suspense", face ao cavalgar do novo coronavírus no vizinho concelho de Ovar, em cerca sanitária desde que o munícipio entrou em fase de contaminação comunitária. O presidente da Câmara Muncipal de Estarreja, Diamantino Sabina, ao mesmo tempo que adota as medidas possíveis para tranqulizar a população, confessa à Renascença que manter a serenidade, no contexto atual, é um desafio difícil. O autarca esclarece que "o medo é que pessoas possam ter vindo infetadas de Ovar e ainda não o tenham manifestado, porque estão assintomáticas, em elas sabem que estão infetadas".
Diamantino Sabino, por estes dias, lida com números que ainda não são preocupantes. "Aqui as coisas estão muito contidas. Temos três casos diagnosticados, dois deles internados no Hospital de Aveiro e um terceiro em casa. Todas situações em que não há perigo de vida e nem sequer há relação com Ovar, mas estamos expectantes", confessa.
Coronavírus
Apesar das dificuldades para chegar ao munícipio, (...)
Trabalhadores de Ovar com autorização especial
No plano laboral, o presidente da Câmara de Estarreja centrou esforços na operacionalidade da indústria química instalada no concelho, responsável, entre outros produtos, por uma boa parte do oxigénio consumido nas unidades hospitalares.
"A indústria em Estarreja é de grande complexidade. Só na área química há cerca de 40 pessoas de Ovar a trabalhar aqui. Tendo em conta a excecionalidade da situação de emergência, conseguimos convencer as autoridades a que essas pessoas, com as devidas precauções, se pudessem deslocar de Ovar para Estarreja e vice-versa, devidamente identificadas e incluídas numa lista elaborada com o objetivo de filtrar o acesso", explica.
Diamantino Sabina, num cenário que é tudo menos otimista, ainda espera que Portugal se liberte da Covid-19 mais depressa do que outros, apesar da reação tardia das autoridades portuguesas.
"Pese embora achar que todos agimos demasiado tarde, incluindo eu próprio, acredito que vamos sair disto mais cedo do que outros, como são infelizmente os casos de Espanha e Itália", considera o autarca de Estarreja, antes de concluir com uma mensagem de esperança: "Queremos voltar a abraçarmo-nos, a beijarmo-nos, a estar nas esplanadas, no fundo a fazer aquilo que os portugueses gostam de fazer, usufuir deste Portugal que é tão nosso e de que gostamos tanto".