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Coronavírus e grávidas. Tudo o que deve saber para se proteger

21 mar, 2020 - 15:00 • João Carlos Malta

Saiba que cuidados deve ter se estiver grávida. O que deve e não deve fazer, e o que já se sabe que pode acontecer a si e ao seu bebé durante o período de gestação, do parto, e dos primeiros dias de vida.

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As perguntas são muitas numa altura de grande incerteza como a que vivemos com o novo coronavírus. As grávidas são um grupo em que a vigilância deve ser redobrada e, por isso, a Renascença fez uma compilação das perguntas e respostas direcionadas a este grupo, que estão presentes em informação que pode ser consultada páginas da internet da Direcção-Geral da Saúde e da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Saúde Materno-Fetal.

Apesar de muitas das respostas não serem definitivas, e as amostras científicas serem pequenas, porque tudo ainda é muito recente e em constante evolução, estas informações vão ajudar as mulheres que transportam bebés a preverem melhor o que as espera e o que podem ou não fazer.

As mulheres grávidas são mais suscetíveis à infeção ou têm maior risco de doenças graves, morbidade ou mortalidade com o COVID-19, em comparação com o público em geral?

Nos trabalhos científicos publicados, não existe informação sobre a suscetibilidade de mulheres grávidas ao novo coronavírus. As grávidas sofrem alterações imunológicas e fisiológicas que as podem tornar mais suscetíveis a infeções respiratórias virais, incluindo o COVID-19. Durante a gravidez, as mulheres também podem estar em risco de doença grave, morbilidade ou mortalidade em comparação com a população em geral, como observado em casos de outras infeções relacionadas com coronavírus [incluindo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV) e coronavírus da síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS- CoV)] e outras infeções respiratórias virais, como a gripe (influenza).

O que devem fazer para se resguardar?

As mulheres grávidas devem empenhar-se em ações preventivas habituais para evitar infeções, tais como lavar as mãos frequentemente e evitar as pessoas doentes, ou casos suspeitos que estejam sob vigilância. Devem respeitar a distância recomendada entre pessoas próximas (1 metro).

Perante os poucos dados existentes sobre as consequências de uma infeção por 2019-nCoV durante a gravidez, deverá ser recomendado o rastreio sistemático de qualquer suspeita de infeção por 2019-nCoV, de acordo com os critérios definidos pela DGS para a população geral. As investigações radiológicas torácicas (radiografia ou tomografia computadorizada) poderão ser realizadas, utilizando as proteções fetais disponíveis.

O que deverá ser feito em caso de infecção de uma grávida?

Os profissionais de saúde devem notificar prontamente os responsáveis pelo controlo de infeções nos seus estabelecimentos de saúde da presença de uma paciente grávida que é suspeita de infeção. A grávida deverá manter-se numa sala de isolamento de infeções aerotransportadas (até à confirmação diagnóstica) e a equipa de neonatologia avisada, uma vez que os bebés nascidos de mães com COVID19 confirmada devem ser isolados, de acordo com a Orientação de Prevenção e Controlo de Infeções. Para reduzir o risco de transmissão do vírus da mãe para o recém-nascido, deve considerar-se a separação temporária (após o parto) da mãe.

As mulheres grávidas com coronavírus têm risco aumentado de desfecho adverso na gravidez?

Não temos informações sobre resultados adversos da gravidez em mulheres grávidas com COVID-19. Foi observada perda gestacional, incluindo aborto espontâneo e nado-morto, em casos de infeção por outros coronavírus [SARS-CoV e MERS-CoV] durante a gravidez. Sabe-se que a febre alta durante o primeiro trimestre da gravidez pode aumentar o risco de certos defeitos congénitos.

As profissionais de saúde grávidas correm maior risco de resultados adversos se cuidarem de pacientes com COVID-19?

As profissionais de saúde grávidas devem seguir as diretivas de avaliação de risco e controlo de infeção destinadas a profissionais de saúde expostos a pacientes com suspeita ou confirmação de coronavírus. A adesão às práticas recomendadas de prevenção e controle de infeção é uma parte importante da proteção de todos os profissionais de saúde em ambientes de saúde.

Os serviços podem querer considerar a limitação da exposição da profissional de saúde grávida a pacientes com COVID-19 (confirmado ou suspeito), especialmente durante a execução de procedimentos de maior risco (por exemplo, procedimentos que geram a produção de partículas de aerossóis), se possível, com base na disponibilidade de pessoal.

As mulheres grávidas com COVID-19 podem transmitir o vírus ao feto ou ao recém-nascido (isto é, transmissão vertical)?

Pensa-se que o vírus que causa o COVID-19 se espalha principalmente por contato próximo com uma pessoa infetada através de gotículas respiratórias. Ainda não se sabe se uma mulher grávida com COVID-19 pode transmitir o vírus que causa o COVID-19 ao feto ou ao recém-nascido por outras vias de transmissão vertical (antes, durante ou após o parto).

No entanto, em séries limitadas de casos recentes de bebés nascidos de mães com COVID-19 publicados na literatura revista por pares, existem descritos dois casos com resultados positivos para a infeção por COVID-19, um recém-nascido nas primeiras 30h00 e o segundo nas 48h00, mas não é certo qual a via de contágio. Em estudos retrospetivos de uma série pequena de casos, o vírus não foi detetado em amostras de líquido amniótico, sangue do cordão ou leite materno.

É limitada a informação disponível sobre a transmissão vertical relativamente a outros coronavírus (MERS-CoV e SARS-CoV), mas a transmissão vertical não foi relatada para essas infeções.

Das séries reportadas, parece haver um maior risco de parto pré-termo (incidência > 40%); no entanto, o risco de transmissão vertical parece ser inexistente. Apesar desta informação ter por base dados limitados, todas as grávidas com suspeitas de infeção deverão ser avaliadas em hospitais terciários, com vigilância materna e fetal intensiva.

As crianças nascidas de mães infetadas com COVID-19 durante a gravidez correm maior risco de terem complicações?

Com base num número limitado de casos reportados, foram observadas complicações em crianças (por exemplo, parto prematuro) em bebés nascidos de mães infetadas com COVID-19 durante a gravidez. No entanto, não é claro que essas complicações estejam relacionadas com a infeção materna e, neste momento, o risco de complicações nas crianças não é conhecido. Tendo em conta que os dados disponíveis relativamente ao coronavírus durante a gravidez são limitados, o conhecimento das complicações relacionadas com outras infeções respiratórias virais podem fornecer algumas informações.

Por exemplo, outras infeções virais respiratórias que ocorrem durante a gravidez, como a gripe, têm sido associadas a complicações neonatais, incluindo baixo peso ao nascer e prematuridade. Além disso, ter uma constipação ou gripe com febre alta no início da gravidez pode aumentar o risco de certas malformações congénitas.

Mulheres com outras infeções por coronavírus, SARS-CoV e MERS-CoV, durante a gravidez, têm tido bebés prematuros e/ou pequenos para a idade gestacional.

O parto pode ter constrangimentos?

A via de parto não deve ser influenciada perante o 2019-nCoV, a não ser que a condição respiratória da grávida exija um parto imediato. Assim, a escolha deve ter por base razões estritamente obstétricas.

Das séries reportadas, houve um número significativo de cesarianas por estado fetal não tranquilizador, pelo que se recomenda a monitorização fetal com cardiotocografia contínua durante o trabalho de parto.

Evolução do coronavírus em Portugal

A analgesia epidural não está contraindicada no caso de infeção por 2019- nCoV. Na verdade, deverá ser preferencialmente oferecida por forma a minimizar a necessidade de anestesia geral, se parto urgente.

A laqueação tardia do cordão umbilical após o nascimento ainda é recomendada, desde que não haja outras contraindicações. O bebé pode ser limpo e seco normalmente, enquanto o cordão ainda está intacto.

Qual é o risco de que a existência do coronavírus numa mulher grávida ou num recém-nascido possa ter efeitos a longo prazo na saúde e no desenvolvimento infantil que venham a requerer apoio clínico para além da infância?

No momento, não há informações sobre os efeitos a longo prazo na saúde nem para bebés com COVID-19 nem para os que estiveram expostos no útero ao COVID-19. Em geral, a prematuridade e o baixo peso ao nascer estão associados a complicações de saúde a longo prazo.

A doença materna com COVID-19 durante o período de aleitamento materno está associada a um risco potencial para uma criança que é amamentada?

A transmissão de pessoa a pessoa por contato próximo com uma pessoa com COVID-19 confirmado ocorre principalmente através de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa com infeção tosse ou espirra.

Em séries limitadas de casos relatados até ao momento, não foi encontrada evidência de vírus no leite materno de mulheres com COVID-19. Não há informação disponível sobre a transmissão do vírus que causa o coronavírus através do leite materno (isto é, se o vírus infecioso está presente no leite materno de uma mulher infetada). No entanto, a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia aconselha as mães com infeção comprovada e sintomáticas não devem amamentar.

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  • Paulo Roberto Barbos
    21 mar, 2020 Paranavaí 15:58
    legal Maia, adorei o conteúdo, sempre bom lembrar que devemos cuidar bem da nossa saúde, click nesse link abaixo que posso te ajudar bastante. https://bit.ly/18alimentosquevãoteajudaraumentarsuaimunidadeem3atédias

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