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Covid-19

Coronavírus intensificou preocupações com "fake news" mas muitos ainda acreditam no que leem nas redes sociais

20 mar, 2020 - 11:34 • Dina Soares

O diretor geral da Organização Mundial de Saúde fala de uma “infodemic”, uma pandemia de informação. O Reuters Institute e a Universidade de Oxford foram tomar o pulso ao mundo dos “mass media.”

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Estamos a viver tempos únicos em que a informação precisa e fiável pode salvar milhares de vidas. Tempos em que o jornalismo deve mostrar o seu real valor. Mas será que o público ainda confia nos meios de comunicação social? Será que ainda os identifica?

Um inquérito divulgado por estes dias pelo Reuters Institute e a Universidade de Oxford revela que 49% dos inquiridos confia nos meios que costuma ler, ver e ouvir, e 42% confia na generalidade das notícias publicadas pelos “media” tradicionais. No entanto, ainda há 33% a dar crédito à informação que lhe surge quando faz uma busca na internet e 23% acredita no que lê nas redes sociais.

Como a maioria das pessoas chega às notícias por via indireta, através de motores de busca ou das redes sociais, ficam muito expostas à desinformação. E se bem que os sites que costumam divulgar informação falsa tenham cada vez menos procura, não é menos verdade que cada uma dessas “notícias” replicada nas redes sociais acaba por atingir uma enorme projeção.

Está provado que as crises aumentam a preocupação do público relativamente à precisão das notícias. Um inquérito feito pelo Reuters Institute e pela Universidade de Oxford em 2019 já revelava que 55% dos inquiridos em 38 países estão preocupados com a desinformação online e com a sua capacidade individual de distinguir o verdadeiro do falso.

Talvez por isso, as notícias propagadas pelas redes sociais comecem a merecer menos confiança, levando as pessoas a dar mais crédito nos meios tradicionais. 26% dos inquiridos revelou esta mudança na sua perceção sobre as notícias.

O jornalismo em tempos de Covid-19

Quando se passa especificamente para o Covid-19, o tema é particularmente complexo e, do ponto de vista jornalístico, torna-se ainda mais difícil de tratar já que, ao contrário do que é habitual, o jornalista não pode ir ao encontro do acontecimento.

Audrey Cooper, editora do jornal "San Francisco Chronicle" que, pela primeira vez em 155 anos de vida, fechou a sua redação, considera que “esta é a maior história da nossa geração”. Por isso, diz, é tão difícil trabalhar longe da redação e mais importante que nunca divulgar apenas informação totalmente confirmada e proveniente de fontes legítimas.

Para reforçar o acesso do público a informação fidedigna e pô-la em evidência, nestes tempos de corrida à informação, a diferença entre informação jornalística e as notícias falsas das redes sociais, muitos jornais abriram as suas edições online, normalmente pagas.

O jornal espanhol "El Pais" e o português "Público", para dar dois exemplos, tornaram todos os seus conteúdos acessíveis. Outros, como o "New York Times", criaram páginas de acesso gratuito a informação sobre a pandemia de Covid-19.

A jornalista deixa ainda alguns conselhos para os seus camaradas que estão a trabalhar em casa. Não ficar obcecado com o tema ao ponto de não pensar em mais nada; ir revezando com os colegas, manter à sua volta coisas que lhe recordem a vida normal e, por fim, não comer nem beber em demasia.

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