Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Coronavírus

Enfermeiros obrigados a descontar isolamento nas horas extra, denuncia Ordem

22 mar, 2020 - 21:50 • Lusa

Enfermeiros que se encontram em isolamento profilático obrigados a converter esses dias em férias ou a descontar no banco de horas extraordinárias. "É inadmissível", diz Ordem.

A+ / A-

Veja também:


A Ordem dos Enfermeiros (OE) denunciou este domingo que há instituições de saúde que estão a obrigar os enfermeiros que se encontram em isolamento profilático a converter esses dias em férias ou a descontar no banco de horas extraordinárias.

“Isto é inadmissível. Estamos em estado de emergência devido a uma pandemia e a organização passa por equipas de enfermeiros que estão de prevenção renderem os outros que estão trabalhar. Não pode haver contagem de horas ou desconto de dias de férias”, criticou o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros Luís Filipe Barreira, em declarações à agência Lusa.

“Neste período de pandemia, os enfermeiros são obrigados a ter total disponibilidade. Pedimos organização de equipas de trabalho para que a segurança dos profissionais esteja garantida e evitar-se o risco de muitos profissionais ficarem infetados. Os enfermeiros que estão em casa não estão de férias”, disse este responsável à agência Lusa.

Os enfermeiros que estão em casa em quarentena profilática durante 15 dias estão de prevenção e “estão a pedir-lhes que convertam os dias em tempo de férias ou que descontem os dias no crédito das horas extraordinárias que têm ou que fiquem com horas negativas”, criticou.

Para o dirigente da OE, os enfermeiros diretores, que fazem parte dos conselhos de administração das unidades de saúde, que estão a obrigar os enfermeiros a descontar horas ou a considerar os dias em casa como gozo de férias, “estão a desrespeitar quem está na linha da frente” no combate à pandemia por covid-19.

“Os enfermeiros que neste momento estão em casa em isolamento profilático vão substituir os outros que neste momento estão a trabalhar muitas vezes em turnos de 24:00. E por questões de segurança dos doentes e dos profissionais, as equipas não se devem cruzar nas unidades de saúde”, alertou Luís Filipe Barreira, também coordenador do gabinete de crise da Ordem.

Outra das queixas que tem chegado à Ordem é a falta de material de proteção individual.

“Temos recebido muitas denúncias de enfermeiros a queixarem-se da falta de material de proteção. O Governo diz que tem sido distribuído material, mas aos serviços tem chegado muito pouco e isso cria uma sensação de insegurança aos profissionais que podem ser infetados ou infetar os doentes”, advertiu.

A Ordem diz estar a aguardar a norma da Direção Geral da Saúde que defina as unidades de saúde que irão receber suspeitos de serem infetados com coronavírus ou doentes com a covid-19.

Portugal encontra-se em estado de emergência por causa da pandemia da covid-19 desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

Em Portugal, há 14 mortes e 1.600 infeções confirmadas e, de acordo com os dados da Direção Geral da Saúde, há mais 320 casos confirmados de infeção do que no sábado.

Evolução do coronavírus em Portugal

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+