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Reportagem

​Escritórios improvisados, cozinhas, quartos, salas. Em teletrabalho tudo serve para trabalhar

19 mar, 2020 - 15:00 • Liliana Monteiro

A nova realidade vivida por quatro famílias. Estão todos em casa, há que encontrar novas formas de organização e e de convívio.

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Muitas famílias estão em casa em teletrabalho, ao mesmo tempo que cuidam dos filhos. Pais e mães procuram os lugares mais calmos na habitação para se concentrarem e realizarem os trabalhos diários que têm de cumprir. Pai e mãe alternam entre o trabalho e cuidar dos filhos e das refeições, noutros casos apenas um dos progenitores assegura tudo isso. Damos a conhecer a realidade de quatro famílias.

O dia começa à mesma hora de sempre, cedo, para as crianças não perderem o ritmo da normalidade e para que os pais possam trabalhar e, mesmo estando em casa, cumprirem horários e funções.

O mote é "manter a normalidade do dia a dia", famílias inteiras procuram organizar-se e manter o ritmo da vida quotidiana mesmo sem saírem de casa.

Cláudia tem os dois filhos, a Maria de 5 anos e o Manuel de 9 anos, assim como o marido em casa. Diz que a tarefa é desafiante, mas vão tentando organizar-se.

"O meu marido precisa de picar efetivamente o ponto e fazer trabalho de call center e estar em reuniões com a equipa. Ele está fechado no escritório e consegue fazer o horário de sempre, começa bem cedo às 7h30 para depois sair também cedo. Eu montei tudo na sala, o computador e o que preciso. O meu filho Manuel está na mesma mesa, à minha frente a fazer trabalhos de casa e a Maria vai brincando, ou está no sofá a ver filmes com auscultadores", explica.

Sofia está também em casa com o filho Tiago de 5 anos. O marido, GNR, está em prontidão, sempre à espera de novas ordens. A sala é agora escritório dela e do mais pequeno. "Ocupei a sala, a divisão com mais luz. O meu filho de vez em quando vem aqui ver se está tudo bem (risos), outras vezes senta-se à minha frente e monta o seu escritório com os desenhos, as letras e trabalhos para fazer. Às vezes troco e vou para a cozinha e trabalho na mesa da cozinha".

Cátia e Inês estão habituadas a trabalhar por casa sempre que é necessário, nesse aspeto o cenário não é novo, não fosse terem os miúdos por perto e um novo vírus que causa algum nervosismo mesmo dentro de quatro paredes.

"Eu estou a trabalhar em casa e o meu marido também. O meu filho Afonso vai ter de brincar sozinho e ao fim do dia damos-lhe a atenção necessária. Tem de ser assim", lamenta Cátia que mesmo assim sublinha que há coisas positivas nesta nova rotina, "tentamos tomar o pequeno almoço juntos que é algo que habitualmente não fazemos porque eu me levanto sempre muito cedo".

Inês com dois filhos, a Maria com 9 anos e o Miguel de 4 anos, tenta tornar os dias dinâmicos e encaixar o papel de gestora de 4 projectos, de mãe, dona de casa e de educadora, "fazemos brincadeiras, desenhamos, fazemos ginástica e mantemo-nos informados 2 vezes por dia, mas só lemos noticias de órgãos crediveis!", revela.

Voltamos à casa de Cláudia. Uma vivenda com espaço exterior, que revela, tem dado imenso jeito para os miúdos não se sentirem fechados. É de resto na rua que têm passado grande parte do dia.

Conta que a limpeza era habitualmente feita por uma empregada duas vezes por semana, mas tal como é recomendado, a senhora não prestará esse serviço nos próximos tempos, mesmo assim a família tomou uma decisão, "vou pagar-lhe na mesma, não consigo não pagar. É uma pessoa com alguma idade e trabalhadora precária, que tal como os outros vão ser muito afectados. Enquanto eu puder, vou pagar à senhora".

E porque o estar em isolamento abre um novo mundo de possibilidades, Cláudia aproveita também para relaxar e aliviar a tensão e encontrou uma solução, "hoje tenho o meu primeiro treino em live streaming com a treinadora, ela está no espaço físico da aula e cada uma de nós do grupo está em casa a treinar com ela".

Todas nos confessam que este isolamento tem-nas feito refletir sobre a vida e Inês confessa, "temos que parar para pensar e agradecer cada dia pelo qual estamos bem junto de quem mais gostamos e por termos saúde".

Claudia diz mesmo que esta Quaresma tem um sentido ainda mais especial, "este é um tempo de Quaresma diferente, em quarentena, em que o que nos é pedido é renunciar à liberdade em prol de um bem comum, façamo-lo!".

Não podiamos terminar esta reportagem sem dar a conhecer a técnica que Tiago de 5 anos usa para lavar as mãos e manter-se afastado o Covid 19, "'lavar as mãos e contar até 20 enquanto estamos a esfregá-las. Depois secamos e pomos desinfetante e depois cantamos os parabéns duas vezes. Ficam bem lavadinhas".

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