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Coronavírus. Empresas e voluntários de Seia unem-se na criação da “máscara do povo”

24 mar, 2020 - 21:50 • Liliana Carona

Dois empresários, que não querem ser identificados pelo nome, um ligado ao setor das malhas e outro, criativo ligado à publicidade, além de um grupo de voluntários de Seia, uniram-se em torno de uma causa comum: criar uma máscara reutilizável, para contexto extra-hospitalar. Além da máscara, estão também a ser criadas viseiras que não magoem os rostos dos profissionais de saúde, em colaboração com uma empresa do Norte.

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“Já aqui tenho a máquina de cortar o elástico oferecida pelo Sr. João da Centromaq, de Oliveira do Hospital… e em Bragança já pegaram na ideia e estão a fazer o mesmo, telefonaram-me de Setúbal, querem duas mil máscaras já de entrada, que eles estão lá aflitos”, descreve ao telefone um dos empresários envolvidos no projeto que surgiu, após terem conhecimento das notícias em torno da especulação do preço das máscaras.

“Colegas nossos a dizerem que pedem mais de cinco euros por máscaras que custavam cêntimos. E juntamente com o meu colega surgiu o click”. Os dois empresários, (que não querem ser identificados pelo nome), um é ligado ao setor das malhas e o outro, criativo ligado à publicidade, além de um grupo de voluntários de Seia, uniram-se em torno de uma causa comum: criar uma máscara reutilizável, para contexto extra-hospitalar. “Se eu tecer uma malha e construir o tubo, com os teares que ele tem, o segredo está aqui, a máscara é composta pela estrutura, o elemento filtrante e o elástico. Máscaras não existem, mas a matéria prima existe em bruto, então se arranjarmos algo para segurar o filtro e que seja sempre comum, está-se a agilizar uma situação e deixa-se para quem mais precisa, as outras máscaras”, defende o criativo.

E depois de muitos serões a testar e a costurar… “fomos para o aspeto de custos, “a máscara do povo”, que tenha o custo mais baixo possível, cerca de dois euros. A máscara é 100% poliéster, não é como o algodão, permite uma higienização muito mais eficiente, leva esta bolselha e o elemento filtrante, já arranjámos um elemento mesmo impermeável que é utilizado na confeção das fraldas”, explica, considerando ter sido “a notícia mais feliz do dia” ter conseguido um elemento filtrante de qualidade.

A notícia do dia em Seia, que quer passar a ser notícia no mundo. Os empresários querem partilhar a ideia a custo zero. “O nosso objetivo é passar a ideia, darmos a receita para quem tiver teares, passamos os códigos para tecerem”, conclui.

A Câmara Municipal de Seia, vai associar-se a esta iniciativa e já decidiu "adquirir o primeiro lote de produção para setores de atividade que requerem um elevado grau de higienização”. "A iniciativa visa suprir as necessidades em matéria de equipamentos de proteção individual, ainda mais essenciais num momento em que vivemos um problema de saúde pública sem precedentes", justifica em comunicado a autarquia presidida por Carlos Filipe Camelo. Segundo nota de imprensa da Câmara, “o empresário senense José Manuel Rogeira (de comércio por grosso e a retalho não especializado de produtos alimentares e não alimentares/bebidas e tabaco) manifestou disponibilidade para financiar, integralmente, a aquisição que o Município fará do primeiro lote de produção daqueles equipamentos de proteção individual”.

Entretanto o empresário criativo de Seia já trabalha em viseiras frontais transparentes que considera “estão a fazer falta nos hospitais”. “Mandei vir material mais adequado para não ferir o rosto dos profissionais de saúde. Uma coisa simples e ergonómica. Desenvolvido por um rapaz amigo do Norte, da Kikadesign e baseado no conceito dele, estou a reproduzir uma viseira que não vai ferir o rosto dos médicos e enfermeiros que a utilizem”, sorri.

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