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Coronavírus. Prisões separam presos de risco e deixam entrar bolachas

25 mar, 2020 - 18:29 • Liliana Monteiro

Depois da roupa lavada, as famílias estão autorizadas a levar aos reclusos bens alimentares não perecíveis, que devem ficar 72 horas em quarentena. Presos com idades a partir dos 60 anos têm ordem para ficar separados dos outros.

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A ordem já chegou às cadeias. O despacho do director-geral dos Serviços Prisionais, Rómulo Mateus, diz que é preciso separar os reclusos com mais de 60 anos dos restantes. Uma medida preventiva contra a Covid-19, por forma a proteger esta faixa etária de maior risco.

Se há prisões onde existem poucos reclusos dentro dessa idade, há outras onde existe um elevado número de presos com 60 e mais anos. Os diretores enfrentam agora o desafio de "reorganizar a casa". Tarefa díficil quando o parque penitenciário está lotado e funciona em infraestruturas envelhecidas.

Presos Preventivos

Os novos reclusos e os preventivos devem, a partir de agora, passar obrigatoriamente por uma quarentena em espaço isolado. Já nem todos os estabelecimentos prisionais recebem preventivos. Por exemplo, na área da Grande Lisboa, apenas o Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL) e o estabelecimento prisional da Carregueira passam a receber presos preventivos – que, ao que a Renascença apurou, ficam numa ala específica, mas nem por isso totalmente isolados, porque uma simples ida ao pátio exterior pressupõe passagem em zona comum dos restantes reclusos.

Comida

Depois da proibição total de entrega aos reclusos de bens vindos do exterior, a Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais permitiu a entrada de roupa (que fica de quarentena antes de ser dada ao recluso) e agora mais recentemente deu luz verde à entrada de bens alimentares não perecíveis, ou seja, na sua maioria bolachas. Esses bens terão de ficar numa zona de armazém durante 72 horas e só depois podem ser entregues ao preso.

Ao que a Renascença apurou, há ainda ausência de conhecimento de como agir quando há um recluso com sintomas da Covid-19. No EPL ter-se-á chamado o INEM para levar ao Hospital Curry Cabral um recluso com sintomas suspeitos. Chegado ao local, o INEM teve de explicar que o procedimento era outro: uma equipa específica fará exames de despiste sem que o recluso saia das instalações.

Num esclarecimento prestado nesta quarta-feira à Renascença, a DGRSP informa que, "até ao momento, no sistema prisional e tutelar educativo, não há registo de qualquer caso positivo para o Covid-19", garantindo que "há um entendimento cooperante e cívico entre a generalidade dos trabalhadores, reclusos, jovens internados em centros educativos e respetivos familiares e amigos perante os constrangimentos resultantes desta situação de emergência".

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