25 mar, 2020 - 08:20 • Fátima Casanova
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O momento é de grande incerteza, até porque nem todas as universidades estão a funcionar da mesma forma. Em algumas as aulas decorrem como é habitual, mas à distância. Noutras, as aulas foram pura e simplesmente suspensas. É neste quadro que os universitários de Lisboa pedem a suspensão do pagamento das propinas, enquanto vigorar este período de exceção por causa da pandemia de Covid-19.
À Renascença, o presidente da associação académica critica também a desorganização que houve para encerrar as diferentes instituições de ensino superior. Bernardo Rodrigues diz que “faltou uma voz de comando”, tendo as universidades encerrado de forma desorganizada e com um enorme desleixo”.
O líder estudantil dá como exemplo a Nova SBE, que “só decidiu fechar portas aquando da existência do primeiro caso confirmado de um aluno infetado”. Uma situação que “obrigou os estudantes a ficarem de quarentena”, período “que não foi acautelado, porque muitos regressaram às suas terras de origem”.
O presidente da Associação Académica de Lisboa fala em “irresponsabilidade, quer por parte das instituições, quer por parte do Estado com diretrizes algo confusas”. À Renascença, diz que houve alunos “aconselhados pelos serviços sociais - responsáveis pela residência universitária - a regressar às suas moradas de origem”. Bernardo Rodrigues pergunta, por isso, se não terá sido colocada em causa a saúde pública, assim como a dispersão do foco?
Noutro plano, critica a falta de preparação de muitas faculdades para dar aulas à distância, dando como exemplo o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, “que não dispõe de qualquer alternativa para que os seus alunos possam continuar a assistir às aulas e a progredir no seu caminho letivo e de aprendizagem, vendo inclusive o acesso a conteúdos vedado pois esta instituição não dispõe de plataforma de e-learning”.
O pedido de suspensão do pagamento das propinas já seguiu para o Ministério do Ensino Superior. Contatada pela Renascença, fonte do gabinete do ministro remete para a carta que foi enviada esta semana às associações académicas, onde o Governo admite que “a suspensão das atividades presenciais e a sua substituição por ambientes colaborativos e de ensino à distância requer um esforço adicional de concentração e aprendizagem” e, ao mesmo tempo, “congratula a disponibilidade crescente de todos os estudantes na adaptação ao funcionamento pleno destes meios de trabalho”.
O Ministério do Ensino Superior esclarece ainda que “está garantido o normal funcionamento dos pagamentos de bolsas e contratos de investigação, das bolsas de estudo de ação social e respetivos complementos e benefícios e das bolsas de estudo de apoio à realização de períodos de estudos em mobilidade.”
Promete ainda dar atenção a “outras eventuais situações de emergência para garantir que todos os estudantes têm condições para continuar os seus estudos superiores.”
Em Portugal, há 33 mortes, mais 10 do que na véspera, e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito pela Direção-Geral da Saúde, que regista 302 novos casos em relação a segunda-feira (mais 14,7%).