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Dúvidas sobre coronavírus e Covid-19? Médica de saúde pública esclarece na Renascença

25 mar, 2020 - 21:22 • Daniela Espírito Santo , José Bastos

Teresa Leão, investigadora do ISPUP e médica de saúde pública, respondeu em direto às dúvidas dos ouvintes da Renascença. Confira as respostas.

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Apesar de já nos irmos habituando, lentamente, à nova realidade em que estamos mergulhados, ainda há muitas dúvidas sobre como agir e o que fazer para nos protegermos do novo coronavírus e não contrairmos covid-19.

A Renascença está a responder às suas questões sobre saúde pública com a ajuda do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

Hoje, temos connosco Teresa Leão, investigadora e médica de saúde pública, para nos ajudar nessa tarefa. A Teresa já esteve cá a semana passada e respondeu a algumas questões, mas os nossos ouvintes continuam sedentos de informação e procuram respostas específicas a problemas que enfrentam no seu novo dia-a-dia.

Por exemplo, a Anabela Santos, que vive na Covilhã, diz-nos que o filho está a trabalhar na Alemanha e voltará a Portugal nos próximos dias. Pergunta se poderá ficar com o filho em casa ou se não será boa ideia. Como deverá proceder?

Em algumas regiões de Portugal, as autoridades de saúde regionais determinaram que as pessoas que chegavam a Portugal deveriam ficar em isolamento preventivo durante 14 dias. Não é o caso ainda da região Centro, mas é importante que o filho de Anabela Santos confirme isso, mas para sermos precaucionistas o filho deverá mesmo ter o máximo de distanciamento social em relação às pessoas com quem conviva, manter pelo menos um metro de distância, ou mesmo dois, caso haja pessoas com problemas respiratórios ou pessoas mais velhas, mais vulneráveis e não ter tanto contacto físico.

A Ana Dias, 23 anos, enviou via WhatsApp uma dúvida similar. Diz-nos que tem um familiar que foi em trabalho a Itália e irá regressar brevemente. Não sabe que medidas deve tomar para se proteger, nem como ajudar o familiar, que tem “tensão arterial e bronquite crónica”. Diz ter ligado para a SNS 24, mas sem sucesso. O que lhe teriam dito na SNS 24?

O que é recomendado é que este familiar fique em isolamento durante 14 dias, ou seja, não contactar com outras pessoas, ter objetos diferentes não partilhados, ter o máximo de higiene de superfícies. De que forma é que ela se deve proteger: manter a distância social ou até mesmo evitar estar com ele durante estas duas semanas em que, se não surgirem nenhuns sintomas, ele poderá dizer que não teve coronavírus. Mas, se tiver sintomas, deve procurar cuidados de saúde.

A Mara pergunta-nos, via Instagram, como pode evitar contágio num prédio- Está preocupada com a higiene das áreas comuns, como “as escadas, as portas, o espaço de recolha do lixo, a garagem…”. São receios válidos ou, como se tratam de espaços, normalmente, mais abertos, há menos perigo de contágio?

Para a presença do vírus no ar não há risco. Agora, o risco existente é nas superfícies que são frequentemente tocadas pelos habitantes do prédio: corrimãos das escadas, o botão do elevador, a porta da garagem, a maçaneta da porta do prédio. Estas superfícies que são tocadas por várias pessoas devem ser frequentemente higienizadas e desinfetadas. Podem criar uma escala para que seja desinfetada duas vezes por dia ou, pelo menos, tentar não tocar.

E o que fazer em relação à correspondência que continua a chegar à caixa de correio?

Não podemos de pagar as contas porque não queremos abrir as cartas. Abrimos o invólucro, vemos o que temos de ver e lavamos as mãos.

E se encomendar um CD do estrangeiro?

A probabilidade de o vírus vir agarrado a essa superfície é relativamente baixa, no entanto, pode acontecer. Há alguns estudos que apontam para algumas horas ou dias de estabilidade do vírus em situações de temperatura e humidade ideais. Mas, quando chegar o invólucro retira-o e lava logo as mãos ou passar um álcool a 70% para limpar a superfície, que assim fica desinfetada.

A Helena Correia, de Faro, tem uma dúvida similar a outra que a Teresa Leão respondeu neste espaço a semana passada. “Uma vez colocada uma embalagem infetada no congelador, quando descongelada, o vírus reanima? Os vírus morrem com o frio ou o gelo?”

Nós não temos ainda evidência que o vírus seja anulado pela congelação, portanto, vamos partir do princípio que pode não ser. O que devemos fazer? Tiramos a embalagem do congelador, lavamos as mãos, manipulamos o alimento que precisamos para cozinhar, cozinhamos bem e depois lavamos de novo as mãos antes de comermos alguma refeição.

O Zeca Nascimento pega nessa questão e aplica-a ao ambiente. Quer saber que fatores têm influência na propagação do novo coronavírus. Se o vento, a humidade, o calor, o frio, influenciam a disseminação do vírus. A estação do ano em que estamos tem alguma influência na covid-19?

Aquilo que achávamos em relação a outros coronavírus não se veio a verificar no caso da covid-19. Temos importação de casos e transmissão em quase todos os países do mundo, mesmo nos vários hemisférios. Na China houve transmissão em várias áreas com diferentes graus de humidade e diferentes tipos de temperatura. Até agora, não conseguimos garantir que, como dizia o sr. Trump, “lá para a Páscoa estará tudo bem”. À partida não podemos contar com isso, temos, sim, de manter o cuidado de nos isolarmos e lavarmos as mãos.


Continuamos a responder às questões dos ouvintes, em parceria com Ordem dos Psicólogos Portugueses e Instituto Saúde Pública da Universidade do Porto, de 2ª a 6ª feira, depois das 19h30. Amanhã, a Teresa Leão estará de volta para responder a mais dúvidas de saúde pública.

Partilhe as suas dúvidas e comentários através do WhatsApp da Renascença (962 007 500), nas caixas de comentário do site ou nas redes sociais. E já sabe: Para vencer a crise do coronavírus é essencial estar informado. As notícias, a reportagem a opinião: toda a informação na Renascença, sempre a par com o mundo.
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