27 mar, 2020 - 21:55 • Hugo Monteiro
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A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) avisa que só com o apoio de toda a comunidade será possível cumprir as medidas preventivas sugeridas pela Direção Geral da Saúde para os lares de idosos.
Posição assumida pelo presidente da CNIS, depois da diretora geral da Saúde ter apontado a necessidade de criar maior distanciamento social entre idosos nos lares. Recorrendo a espaços isolados no interior das unidades, ou recorrendo a outros espaços no exterior.
Em declarações à Renascença, o Padre Lino Maia diz compreender as recomendações, mas sublinha que “não pode ser” um trabalho “exclusivamente das instituições de solidariedade”. “É preciso também que outras organizações intervenham, como as autarquias ou a Cruz Vermelha e que disponibilizem esses espaços”, explica, dando o exemplo da Igreja Católica que “já está a tomar a dianteira no sentido de detetar espaços para serem disponibilizados”. “Muitas das instituições não têm capacidade, meios ou alternativas. Tem de ser a comunidade a funcionar”, conclui.
A preparação para todos os cenários num lar de Vale de Cambra
Em Vale de Cambra, o lar de idosos da Misericórdia está a estudar a forma de conseguir separar os utentes. Pina Marques, responsável pelo lar, admite que “pontualmente pode ser viável, mas, se a situação se alastrar, isso vai criar maiores dificuldades”. “Estamos a montar vários cenários, como a ocupação do espaço dedicado à fisioterapia com várias camas. Mas temos 95 utentes. Como vamos lidar com eles se houver uma propagação da doença no lar?”, questiona.
O lar de idosos da Misericórdia de Vale de Cambra já tomou algumas medidas para conseguir manter alguma distancia entre utentes: “Há um conjunto de pessoas, mais debilitadas, que ficam nos seus quartos e procuramos que as pessoas vão almoçar a horas diferentes”.
Dificuldade no acesso a testes e no contato com as autoridades de saúde
O responsável da Misericórdia de Vale de Cambra revela que a instituições teve um caso suspeito entre os trabalhadores. Uma situação que veio demonstra o que Pina Marques diz ser a dificuldade no acesso a testes, bem como no contato com as autoridades de saúde: “Estamos com dificuldade em ligar à delegação de saúde. Desde manhã que estamos a tentar e ainda não foi possível falar. Tivemos uma situação suspeita nos cuidados continuados, foi fazer o teste, e é difícil chegar aos testes, e a prevenção devia começar por aí”.