27 mar, 2020 - 08:01 • Vítor Mesquita
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Tem tido efeitos positivos na recuperação de doentes com Covid-19 e pode evitar a necessidade de cuidados intensivos nos casos mais graves. É a posição do Bastonário da Ordem dos Médicos sobre a norma da Direção-Geral da Saúde (DGS), que permite o recurso a alguns antivirais, como a hidroxocloroquina, remédio indicado para o tratamento da malária derivado da cloroquina, no combate ao novo coronavírus.
“Aparentemente, a hidroxocloroquina tem efeitos positivos nos doentes infetados. Por um lado, na recuperação, por outro, a impedir o agravamento de casos mais complicados de internamento, que possam necessitar de ventilação assistida, isto é, de ir para cuidados intensivos”. A leitura é do Bastonário da Ordem dos Médicos, que concorda com a decisão da DGS de regulamentar terapêuticas antivirais em pacientes internados com Covid-19.
Não há atualmente medicamentos autorizados para tr(...)
Em entrevista à Renascença, Miguel Guimarães afirma que “não havendo um tratamento específico para este vírus, o que se está a fazer é recorrer à hidroxocloroquina – medicamento mais importante de todos. E com base no que é a experiencia clínica”, já que não existem ensaios multicêntricos, realizados a nível internacional.
Uma terapêutica, “que passa a ser generalizada, a partir do momento em que a DGS institui a norma, mas que já vinha sendo adotada nos hospitais de São João e Santo António, no Porto, e no Curry Cabral, em Lisboa, entre outros. Acredita mesmo que “alguns dos casos recuperados fizeram, seguramente, esta medicação”. Da qual exclui “as pessoas que estão em casa”, já que quem tem quadros clínicos leves e lhe é permitido estar em casa, habitualmente, não a faz.
Miguel Guimarães não exclui efeitos secundários da terapêutica, como acontece com todos os medicamentos:“Quando temos uma infeção e tomamos um antibiótico, esse antibiótico tem efeitos laterais. Vamos ser objetivos. Até o ácido acetilsalicílico, vulgarmente designado como aspirina, tem efeitos laterais".
O bastonário sublinha, no entanto, que, neste caso, “os potenciais efeitos laterais não são tão graves e os benefícios potenciais são maiores". "É uma recomendação acertada", reforça, com a ressalva de que "pode ser discutível se se usa mais este ou aquele medicamento".
No que diz respeito à hidroxocloroquina, é um medicamento que está a ser usado em quase todos os países”, assinala. Embora o coronavírus que causa a Covid-19 ainda seja novo e desconhecido, “Portugal, França, Alemanha e China acreditam que os efeitos benéficos da hidroxocloroquina neste tipo de vírus são claramente superiores aos potenciais efeitos secundários que possa ter”. Quando comparada, por exemplo, com a cloroquina, “tem muito menos efeitos secundários”.
Não há qualquer vantagem em tomar este medicamento(...)
O bastonário da Ordem dos Médicos garante que os antivirais de combate à Covid-19 regulamentados pela DGS estão disponíveis. Assinala ainda que “a hidroxocloroquina é extremamente barata”. Lembra que o medicamento foi usado durante anos para tratar a malária, que continua a ser das doenças infeciosas que mais mata no mundo.
Miguel Guimarães lembra que, com este vírus, a incerteza é dominante. É assim em Portugal e no mundo, com cada país a tentar fazer o melhor possível para responder “aos casos de doentes que têm de fazer tratamentos por terem doença mais grave, dentro daquilo que são as opções que nós conhecemos, que nós sabemos que funcionam em determinado tipo de vírus, que têm resultados conhecidos 'in vitro', nas experiências que se fazem com células”.
Ainda segundo o bastonário, “sabemos que este é um medicamento que pode ter um efeito positivo e está a ter, naquilo que é o travar do agravamento da doença e da própria taxa de mortalidade, que esperemos se mantenha nos atuais níveis.”