27 mar, 2020 - 13:30 • Redação
Veja também:
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explica que Portugal pode ter um "planalto" na curva epidémica do coronavírus, que deverá acontecer em maio, confirmando a previsão do Governo.
"O pico depende sempre da subida da curva, quer da sua altura, como do tempo. Pelos boletins, podemos ver que há uma tendência em retardar um pouco a velocidade da doença e com que a curva está a subir. Se a retardarmos a curva, o pico será mais adiante. Com os dados que temos, o pico nunca deverá ser antes de maio, mas isto são previsões. Se calhar temos de começar a falar em planalto: quando chegarmos ao máximo dos casos da curva, andaremos ali alguns dias ou semanas [nessa fase], até porque sabemos que esta doença dura muito tempo", explica.
"Temos que ter esta ideia de que não vamos chegar a um dia X, atinge-se o pico e começa logo a descer. Não". sublinha a diretora-geral de Saúde.
Os lares continuam ser um dos motivos de maior preocupação. Graça Freitas explica que cada lar pode ter de ser dividido em dois casos para isolar os casos positivos da Covid-19.
"O que importa é termos atitudes preventivas, não podemos esperar que cheguem os casos. Cada caso deve ser isolado. Esses doentes só irão para os hospitais em situações em que não há outra solução. Ficar em domicílio é definido por critério clínico. Doente ligeiro a moderado não deve ser levado para um hospital. É preciso que se criem estruturas comunitárias, no lar ou fora do lar, onde possam ficar sob vigilância, mas não internadas. A norma é esta", explica.
A diretora-geral da Saúde garante que dos 76 óbitos confirmados, poucos são oriundos de lares, mas perspetiva uma subida nos próximos dias devido à natureza prolongada da doença.
"A taxa de letalidade está entre os 2 e 3%. Temos poucos mortos de lares, não é um número significativo, porque os surtos nos lares começaram há pouco tempo. Temos também poucos recuperados, porque leva tempo até à recuperação. Calculávamos até agora o número de internados e em cuidados intensivos através das Administrações Regionais de Saúde, mas havia uma discrepância nos números. Estamos a afinar o método e a fazer a colheita de informação junto dos hospitais", explica.
A diretora-geral da Saúde alerta que as pessoas com doenças graves devem continuar a ir ao hospital e a procurar cuidados médicos. É para isso que os hospitais estão divididos entre áreas para doentes Covid (ADC) e áreas para pessoas não infetadas. "Se tiverem mesmo necessidade, devem ir. Quem tem doença grave não pode deixar de ir a uma urgência", explica.
Contudo, Graça Freitas assume que, se a ida ao médico não for estritamente necessária, deve ser evitada.