30 mar, 2020 - 18:21 • Redação
Veja também:
O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, acusa a Direção-Geral da Saúde (DGS) de irresponsabilidade.
Em causa estão as declarações da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, que anunciou esta segunda-feira que a possibilidade de impor uma cerca sanitária na região do Porto está em discussão.
“É uma grande irresponsabilidade da DGS fazer esse tipo de declarações públicas sem previamente dialogar com os autarcas. A DGS está com comunicação a mais e valeria a pena dosear as afirmações que fazem, sobretudo quando só criam alarme, pânico e não resolvem absolutamente nada”, afirma o autarca de Gaia em declarações à Renascença.
“O município de Gaia, e julgo que isto se aplica à generalidade da Área Metropolitana do Porto e do país, não pode olhar para a cerca sanitária como uma solução, até porque isto não é um problema de concelhos, porque a cerca sanitária do Porto, presumo que a DGS saiba, também envolve municípios à volta do Porto, nomeadamente Gaia, Gondomar, que fazem fronteira”, sublinha Eduardo Vítor Rodrigues.
De acordo com a lista de casos confirmados por con(...)
Questionado se nenhum dos municípios da região do Porto foi contactado? O autarca de Gaia responde não ter conhecimento.
“Quem eu saiba, nenhum município da Área Metropolitana do Porto o teve e não encontrei nenhum município a olhar com bons olhos para uma solução destas”, frisa Eduardo Vítor Rodrigues.
Por seu lado, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, explica que a questão da cerca sanitária foi colocada, no passado dia 22 deste mês, e a Administração Regional de Saúde do Norte, que respondeu: “já não se justificada, porque não era eficaz”.
“Não sendo eficaz há oito dias, não percebo como é que oito dias depois seria eficaz. É isso que a Direção-Geral da Saúde terá de responder e fundamentar”, afirma Marco Martins.
Também ouvido pela Renascença, o presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Nuno Botelho, considera que a declaração da DGS foi “extemporânea”.
“Nós estamos muito preocupados com essa extemporânea declaração, porque parece-me muito estranho que os responsáveis políticos da região, o presidente da Área Metropolitano e o presidente da Câmara do Porto, não tenham sido notificados da medida ou da ponderação de uma decisão com uma gravidade destas”, afirma Nuno Botelho.
O presidente da Associação Comercial do Porto considera que fica patente "um certo desconhecimento da realidade do terreno", porque a cerca sanitária limitaria o acesso aos grandes hospitais do Porto e teria forte impacto na economia.
"Se os movimentos forem absolutamente fechados, se tivermos um cerco sanitário, as consequências podem ser devastadoras e isto pode ser fatal para a economia", alerta.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, rejeita, em comunicado, a possibilidade de ser imposta um cerco sanitário devido à pandemia de coronavírus, "que seria extemporâneo". A autarquia deixa de "reconhecer autoridade à diretora-geral da Saúde", Graça Freitas.
Portugal regista até esta segunda-feira 140 mortes associadas à covid-19, mais 21 do que no domingo, e 6.408 infetados (mais 446), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
O relatório da situação epidemiológica em Portugal, com dados atualizados até às 24:00 de domingo, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (74), seguida da região Centro (34), da região de Lisboa e Vale do Tejo, com 30 óbitos, e do Algarve, que hoje regista dois mortos.