30 mar, 2020 - 00:00 • Maria João Costa
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Lisboa é a primeira região do país onde, a partir desta segunda-feira, vão começar a ser feitos testes de despistagem do novo coronavírus em lares da terceira idade, onde até agora não haja casos diagnosticados.
A medida vai ser anunciada esta segunda-feira pelo Governo. À Renascença, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social indica que há 10 mil testes disponíveis.
Ana Mendes Godinho explica que se trata de uma parceria entre os Ministérios da Ciência, Saúde e Segurança Social em colaboração com as universidades e o Instituto de Medicina Molecular, da Universidade de Lisboa – dirigido pela investigadora Maria Manuel Mota, Prémio Pessoa 2013.
Nas palavras da titular da pasta, trata-se de “um programa vocacionado para a prevenção, tentando identificar situações de risco”, ou seja, a ideia é testar lares “onde não tenha sido identificada nenhuma infeção” e onde possam ser identificadas “situações de risco”.
Questionada sobre a forma como esses testes se irão realizar, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social explica que vão “abranger a rede de lares que existe no país” e que vão começar por zonas “onde há lares maiores”.
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“Este programa só é possível graças a um grande envolvimento da Cruz Vermelha que nos vai assegurar a montagem desta operação a nível nacional e a recolha das amostras para serem tratadas e analisadas pelas universidades”, detalha Ana Mendes Godinho. A ministra manifesta também o desejo de os laboratórios se juntarem a esta operação para ser possível testar o maior número de pessoas possível.
Ao todo serão 10 mil testes a que se “irão também somar a capacidade de testes que está neste momento a ser instalada na Universidade do Algarve e na Universidade de Aveiro”. Quanto á prioridade na realização destes testes, será dada aos funcionários dos lares e depois aos utentes.
Nos concelhos do Porto e da Maia, todos os utentes e funcionários de lares e residências estão já a ser testados por iniciativa das respetivas Câmaras Municipais.
Sobre os profissionais dos lares, a ministra Ana Mendes Godinho deixa nesta entrevista um agradecimento pelo trabalho que têm feito e chama-lhes “verdadeiros heróis” e diz que todos “lhes devemos um enorme agradecimento e reconhecimento pelo que estão a fazer”
“Neste momento tenho criado um gabinete de acompanhamento da situação dos lares em permanência do qual fazem parte a Cruz Vermelha, a Cáritas, a União das Misericórdias, a Confederação Nacional das IPSS, a Cooperativa António Sérgio, a Segurança Social e a Direção-Geral de Saúde” explica Ana Mendes Godinho.
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É este “gabinete multifacetado”, como lhe chama a ministra que tenta ter “capacidade de encontrar respostas para as situações onde é preciso”. Questionada sobre as dificuldades denunciadas por alguns autarcas e profissionais de lares quanto à demora na resposta, a ministra lembra que “quando a nível local não são encontradas respostas ou soluções para a situação de cada um dos lares onde foram sinalizadas infeções, isso é garantido por esta equipa nacional.”
A ministra reconhece que são “situações difíceis” e defende que a forma de atuação tem dado prioridade às respostas locais, mantendo sempre como norte a preocupação de encontrar “a solução que melhor protege todas as pessoas que estão naqueles locais, para garantir que os idosos não sejam sujeitos a deslocações que possam ser evitadas.”
O trabalho do Instituto de Medicina Molecular, da Universidade de Lisboam, foi determinante para haver esta resposta. Em entrevista ao "Público", a investigadora Maria Manuel Mota, perante a hipótese de Portugal ficar sem testes de diagnóstico, afirmava: “Começámos a pensar: como cientistas, como é que podemos ajudar? Podemos usar kits e reagentes que temos em Portugal e que achamos que não vão esgotar-se com facilidade.”
A diretora reuniu um grupo de voluntários e começou a trabalhar usando reagentes fabricados em Portugal. Daí surgiram os kits que agora serão usados e que já foram acreditados pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge.
A ministra Ana Mendes Godinho refere-se a esta iniciativa como “extraordinária” e acrescenta que “é um produto nacional que resulta do trabalho de cientistas portugueses que se dedicaram e estão a montar esta operação relâmpago” com o Governo.
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