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Covid-19. Associações da PSP e GNR pedem prioridade nos testes

01 abr, 2020 - 20:49 • Lusa

Polícias e militares da Guarda dizem que atraso na realização dos testes pode comprometer a capacidade de prestarem serviço.

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As estruturas que representam os elementos das forças de segurança consideraram esta quarta-feira irresponsável e inconcebível que os polícias não façam parte do grupo prioritário nos testes de Covid-19, avançando que há serviços na PSP e GNR que podem encerrar.

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) e a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) pedem que esta decisão seja alterada rapidamente e que o Ministério da Administração Interna (MAI) deve encontrar uma solução.

“É no mínimo uma irresponsabilidade que os polícias não façam parte do grupo prioritário com acesso aos testes de covid-19. Com os casos positivos a aumentar bem como as quarentenas, há serviços na polícia que irão encerrar brevemente”, disse à agência Lusa o presidente da ASPP, Paulo Rodrigues.

Como exemplo, referiu um caso que se passou na terça-feira com um polícia da zona do Porto, em que esteve em contacto com um familiar que testou positivo e que só vai fazer o teste a 14 de abril, tendo de ficar de quarentena todo este período.

Paulo Rodrigues frisou que já há esquadras, sobretudo na zona Norte, a funcionar com 50% do efetivo, estando o restante de quarentena.

O aumento do número de infetados na Polícia de Segurança Pública “vai levar ao encerramento de esquadras e de serviços. Em pouco tempo é fácil ter dois ou três mil policias de quarentena”, sublinhou.

Ao não serem considerados um grupo prioritário para os testes, “é impossível dar uma resposta às necessidades de segurança”, numa altura em que o estado de emergência se vai prolongar.

O presidente da ASPP explicou que os polícias ao terem acesso aos testes de forma rápida isso significa “a diferença entre estar dois ou três dias ausente ou 15 dias ausente do serviço para fazer um teste”.

“As entidades de saúde não estão a ter consciência do problema que se está a criar no seio da PSP. As entidades competentes não estão a olhar de forma consciente”, afirmou, sublinhando que se trata de “um problema que deve ser resolvido rapidamente” para garantir que os polícias não são “um fator de contágio”.

Paulo Rodrigues disse ainda que os polícias entendem que os médicos e enfermeiros sejam prioritários, mas os elementos das forças de segurança também estão na linha na frente do combate a esta pandemia ao fiscalizar as medidas previstas no estado de emergência.

Também o presidente da APG, César Nogueira, considerou “inadmissível” que os militares da GNR “não sejam prioritários” para realizar os testes à covid-19, uma vez que “são parte fundamental” na proteção e combate à pandemia e fazem parte do grupo de risco.

“É inconcebível. Estão na linha da frente e devem ser prioritários nos testes”, disse à Lusa César Nogueira, sublinhando que basta um militar estar infetado para que toda a equipa fique de quarentena, o que pode pôr em causa o serviço.

O presidente da APG defendeu a existência de uma despistagem constante aos elementos das forças de segurança para que se consiga ter os níveis de eficácia.

“Se não corremos o risco de ficar sem efetivos”, disse, sustentando que os militares deviam realizar testes a cada 15 dias, como foi defendido pelo bastonário da Ordem dos Médicos.

Na conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, foi questionado pela Lusa sobre a realização de testes para os elementos das forças de segurança, tendo respondido que há regras básicas independentemente da profissão.

“Seja qual for o cidadão que tenha uma situação de sintomas, será testado de acordo com a gravidade desses sintomas, em domicílio, em centro de saúde ou em hospital e serão todos isolados, obviamente. Uma pessoa com sintomas tem de ficar isolada, mesmo antes de sabermos o resultado do teste. Essa é a regra básica, independentemente da profissão. Depois, os testes são de acordo com a sua condição clínica também, independentemente da profissão”, disse Graça Freitas, frisando que “a regra número um é que quem tem sintomas fica aqui isolado”.

No âmbito do estado de emergência, que se iniciou a 22 de março, a GNR e PSP têm vindo a desenvolver uma intensa atividade de sensibilização, vigilância e fiscalização junto da população.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).

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