01 abr, 2020 - 13:58 • Inês Braga Sampaio
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou, esta quarta-feira, o aumento vertiginoso de casos nas unidades de cuidados intensivos (UCI), devido ao novo coronavírus, nos últimos quatro dias - de 89 para 230 -, com o envelhecimento da população portuguesa.
"Estes números têm de ser observados muito de acordo com a estrutura etária que está a ser internada. Somos um país com população envelhecida e muitos dos doentes internados são dessa faixa etária, que tem risco acrescido de necessitar de cuidados intensivos. É essa dinâmica que se está agora a verificar", frisou Graça Freitas, na conferência de imprensa de atualização da situação da Covid-19 em Portugal.
Com o arrastar da pandemia no tempo, cada vez mais camas nas UCI são ocupadas, o que obriga a um racionamento dos recursos. A diretora-geral da Saúde garantiu que o "o país está a fazer um esforço grande para aumentar a capacidade", face à pandemia de Covid-19. Uma das soluções é "não aumentar o número de ventiladores ocupados por situações que podem ser diferidas no tempo", como cirurgias.
O secretário de Estado da Saúde lembrou que, neste momento, Portugal tem capacidade de cerca de 1.142 ventiladores: 525 em UCI, 480 em blocos operatórios e capacidade de expansão de 134.
"Em conjunto com as aquisições centrais que o Governo fez e as disponibilidades oferecidas por outras entidades, pretendemos, a muito curto prazo, duplicar a nossa capacidade de ventilação, o que nos prepara para cenários que não são os melhores. Temos de estar preparados para o pior e esperar o melhor", assinalou António Lacerda Sales.
Graça Freitas revelou que, no futuro, haverá maior capacidade para apurar quantos casos do novo coronavírus houve mesmo em Portugal.
"Os países que estão mais à nossa frente nas epidemias fizeram estimativas de quantas pessoas não entram nos radares porque não estavam sintomáticas. Mas são números que variam muito. Daqui a uns tempos, saberemos quantas pessoas estiveram assintomáticas, porque Portugal vai fazer estudos sorológicos, para perceber quem desenvolveu anticorpos, porque quem desenvolve anticorpos contraiu a doença", explicou a diretora-geral da Saúde.
Para já, os casos confirmados são aqueles que apresentaram sintomas. O secretário de Estado da Saúde salientou a crescente capacidade de diagnóstico, assente na linha SNS 24 e na realização de testes.
"A linha SNS 24 atende hoje mais de 18.000 chamadas por dia. Para que tenham noção, atendia em média 5.000, antes da pandemia de Covid-19. Em março, foram atendidas mais de 300.000 chamadas. Antes do primeiro caso de Covid-19 em Portugal, contava com cerca de 950 profissionais de saúde. Atualmente, conta com mais de 1.400. Processámos mais de 69.000 amostras desde o dia 1 de março. Na semana passada, foram processadas quase 40 mil amostras, de segunda a domingo, o que representa mais do dobro relativamente à semana anterior", enalteceu António Lacerda Sales.