02 abr, 2020 - 19:35 • Redação
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Renovado o estado de emergência, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se esta quinta-feira à noite ao país, lembrando que o combate contra o novo coronavírus “é uma causa nacional” e que os portugueses “têm estado unidos”.
“Este é, vai ser, o nosso maior desafio dos últimos 45 anos. O adversário é insidioso e imprevisível. Atinge a vida e a saúde. Agrava brutalmente a pobreza, a desigualdade e as exclusões. É um desafio que não tem paralelo na nossa história democrática”, reforçou o Presidente da República.
Elogiando, como já o havia feito quando decretou pela primeira vez o estado emergência, os profissionais de saúde, “que continuam a fazer milagres”, Marcelo Rebelo de Sousa deixou igualmente uma palavra elogiosa aos cientistas, “que trabalham em novos testes, fármacos e vacinas” para ultrapassar a pandemia.
O Presidente da República destacou, no seu discurso à nação, aquelas que considera serem as quatro fases no combate ao novo coronavírus.
Desde logo, “evitar o crescimento do número de infetados”, não permitindo que atingisse números elevados e, assim, “provocasse a rotura do Sistema Nacional de Saúde”. Ultrapassada essa primeira fase, entramos agora na segunda, explica Marcelo: “Nas próximas semanas vamos tentar manter a desaceleração do surto”.
Segue-se a terceira de quatro fases, “que será vivida nas semanas seguintes e virá inverter definitivamente a tendência de crescimento do número de casos”. Por fim, anunciou o Presidente da República, a quarta fase de combate à pandemia passará por “controlar de forma consistente o surto, estabilizando a vida”.
Anunciando que “ganhámos a primeira batalha”, porque conseguimos moderar a progressão do vírus em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou as medidas restritivas impostas nos últimos 15 dias, “que nos permitiram ganhar tempo”, elogiando também a “notável adesão voluntária” da população a tais medidas. Agora, reforça Marcelo, “não podemos desbaratar a contenção da primeira fase”.
“Os números [de infetados] vão subir e muito. Mas vão descer, esperamos nós, em percentagem de crescimento”, alertou Marcelo Rebelo de Sousa.
E enumerou, em seguida, os cinco objetivos fundamentais da nova fase que agora se inicia com a renovação do estado de emergência.
“Primeiro, há que proteger os grupos de maior risco. Em segundo lugar, utilizar com bom-senso a renovação do estado de emergência para prevenir a propagação do vírus nos serviços prisionais. O terceiro objetivo é assegurar que, por muitas razões que haja para o cansaço, nesta Páscoa não troquemos uns de vida por uns dias de férias. Quarto: pedir aos emigrantes que entendam as restrições severas que cá dentro adotaremos, adiando os seus planos [de regresso a Portugal] – como todos nós estamos a adiar os nossos. Por fim, o quinto objetivo é definir cenários para o ano letivo, atendendo à evolução da pandemia”, explicou o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa garante que a renovação do estado de emergência “vai ajudar-nos a ganhar a segunda fase do combate pela saúde e pela vida”, mas só ganharemos, ressalva, “se não baixarmos os braços”.
“Vai custar a ver o número de infetados atingir as duas ou três dezenas de milhares. Mas o que importa é que sabemos que o número de testes está a aumentar e isso significa detetar mais infetados – e a maioria das infeções não é grave. O que importa é a percentagem a descer é o surto a quebrar”, explicou o Presidente da República.
A terminar, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que esta é uma “mudança radical” na vida de todos e que assim vai ser “por mais umas semanas”. “Mas isto pode equivaler a milhares de vidas salvas. E vamos vencer o maior desafio da vida de todos nós”, concluiu.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na quarta-feira (+11,8%), e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação à véspera (+9,5%).
O país encontra-se em estado de emergência desde as 00h00 de 19 de março, tendo a Assembleia da República aprovado hoje o seu prolongamento até 17 de abril.