03 abr, 2020 - 12:41 • Luís Aresta
As campanhas nas redes sociais podem dar nisto: amigo conta a amigo, a "dica" passa a ser notícia e o cenário altera-se por completo. É o que está a acontecer com os criadores de cabrito de raça serrana.
Há poucos dias, desencadearam uma ofensiva por email, para vender, porta a porta, milhares de animais que receavam não conseguir colocar no mercado, dadas as limitações de encontro familiar com que os portugueses se estão a deparar nesta quadra pascal, sem paralelo nas últimas décadas.
Sobretudo no Norte do país, o cabrito manda na mesa e a raça serrana, pela qualidade certificada, manda mais do que qualquer outra.
"Só ontem recebemos cerca de 1.500 emails de pessoas interessadas em comprar cabrito", revela à Renascença o presidente da Associação Nacional de Capricultores de Raça Serrana (ANCRAS), organismo com sede em Mirandela, mas cujo raio de ação se estende pelo Norte e Centro do país.
A procura, que num ápice passou do 8 para o 80, criou um problema inesperado, reconhece Arménio Vaz. "É que o matadouro do Cachão está a trabalhar com pouca gente e sem capacidade para matar os cabritos que temos disponíveis", explica o dirigente associativo, que está a tentar, por todos os meios, não defraudar as expetativas das centenas de capricultores que representa.
Contactada pela Renascença, Júlia Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Mirandela – município que partilha com Vila Flor a gestão do Cachão – garante que, "com o apoio de todos e o esforço de cada um dos trabalhadores, será possível responder a todos os pedidos que estão a chegar ao matadouro".
A autarca sublinha que "o abate está a ser organizado de forma a dar resposta ao maior número possível de solicitações, nomeadamente no que diz respeito ao cabrito com denominação de origem".
O plano de contingência em vigor no matadouro do Cachão prevê duas equipas na área de abate, cada uma composta por 14 pessoas, o que significa uma redução a metade da capacidade habitual. Neste cenário, a presidente da Câmara de Mirandela diz ter solicitado um esforço "aos trabalhadores para que, perante a situação que se está a viver, não se deixe de abastecer de carne, os clientes e a região".