03 abr, 2020 - 09:00 • Susana Martins (entrevista), Luís Aresta [texto)
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É sobretudo através de mensagens escritas que as vítimas de violência doméstica se estão a queixar às autoridades. A revelação é feita à Renascença pela secretária de Estado da Igualdade e Cidadania (CIG).
“Desde que o serviço de SMS começou a funcionar, no dia 27 de março, temos já 44 pedidos, o que revela eficácia deste meio, uma vez que muitas pessoas estarão em situação de confinamento e sentir-se-ão mais seguras e confortáveis ao procurar informação e apoio através de mensagens escritas” disse Rosa Monteiro, esclarecendo que, por agora, isso não significa um aumento do número de denúncias.
“Estamos a monitorizar e não há registo de um aumento de casos, tanto reportados pelas forças de segurança como pelas linhas de atendimento e pelo novo serviço SMS da CIG.”
Desde o passado dia 19 foi registado um total de 95 contactos através destes meios diretos para a CIG e “as 39 chamadas para a linha de atendimento estão dentro do número padrão”, contabiliza a secretária de Estado, sublinhando que “noutros países só após o pico da epidemia é que se vieram a revelar situações de intensidade e violência”.
A cautela com que Rosa Monteira aborda os dados da última quinzena encontra fundamento noutro motivo. “O espaço doméstico é de grande risco para as pessoas mais vulneráveis – as crianças e as mulheres – mas, nesta altura, darão prioridade às questões de proteção da saúde”.
“As equipas no terreno têm detetado um aumento da procura de apoio psicológico por parte de mulheres que já estavam a ser acompanhadas. São pessoas com traumas e as situações de pânico, ansiedade, dúvida e medo agudizam este período”, explica a secretária de Estado, acrescentando, que este tipo de apoio também tem sido solicitado “por mulheres que estão a ficar desempregadas”.
Há cerca de duas semanas está em curso uma campanha com alertas e conselhos para ajuda às vítimas de violência doméstica, acompanhada por equipas no terreno em contacto com as situações mais vulneráveis.
A Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD) abrange 71% dos municípios portugueses, com 167 estruturas de atendimento, para serviços de
informação, apoio e transporte de vítimas. A capacidade instalada é de 168 vagas em 25 respostas de acolhimento de emergência e 677 vagas em 40 casas de abrigo.