04 abr, 2020 - 19:15 • Eunice Lourenço
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A ministra da Saúde, Marta Temido, chamou este sábado a atenção para as necessidades de cuidados de saúde mental no âmbito da situação de combate à epidemia de Covid-19 e disse que é tempo de quem precisa de ajuda ter a coragem de a pedir. Marta Temido salientou que está disponível uma linha de acompanhamento psicológico através do SNS 24 e também estão em funcionamento os gabinetes regionais de crise em saúde mental.
“Como pessoas, alteramos a expressão das nossas relações laborais, sociais e até familiares e afetivas. Como profissionais, muitos estamos hoje sujeitos a uma enorme carga de trabalho, a riscos acrescidos, à pressão das falhas, das cadeias de abastecimento, ao confronto com muitas situações limite”, começou por dizer a ministra na conferencia de imprensa diária de atualização dos dados referentes à pandemia.
“Todos temos medo, mas este é o momento de equilibrar o medo e a coragem. A coragem de ficar em casa, a coragem de continuar a ajudar os outros, desde que devidamente protegidos, a coragem e pedir ajuda quando precisamos dela”, continuou Marta Temido, realçando: “A saúde mental é uma componente essencial das respostas em saúde e, por isso, estamos a desenvolver os melhores esforços no sentido de garantir que, também nesta área, os portugueses estejam protegidos.”
Urgências psiquiátricas abertas e atendimento telefónico
Os gabinetes regionais de crise em saúde mental estão a funcionar nos mesmo moldes em que foram definidos na sequência dos incêndios de 2017, com as adaptações necessárias tendo em conta a especificidade desta epidemia. Como explicou à Renascença a coordenadora de Saúde Mental do Alentejo, Ana Matos Pires, isto implica que estão a funcionar os gabinetes regionais, que incluem vários profissionais, e que são mantidos cuidados especiais ao nível dos serviços de saúde primários.
A iniciativa resulta de uma parceria entre a Servi(...)
No âmbito deste plano, os cuidados de saúde mental têm de manter as respostas mínimas a vários níveis: consultas, internamento, urgências e articulação com os outros serviços hospitalares. Isto implica que as urgências psiquiátricas se mantêm abertas ainda que haja o cuidado de “diminuir a presença física”. Mas implica também que qualquer pessoa que precise de ajuda pode e deve telefonar para o seu centro de saúde.
No centro de saúde será atendido por um profissional com formação básica em saúde mental, que avalia se consegue lidar com a situação ou precisa de encaminha a pessoa para um especialista. Nesse caso, fica com o contato e recorre à unidade de saúde mental, de onde ligam para a pessoa em causa e fazem uma avaliação: pode ser uma situação acompanhada à distância e mantêm o contacto regular, como se se tratasse de um novo doente da unidade de psiquiatria; ou “percebemos que é uma situação complicada e mandamos para a urgência que continuam presencial”, explica Ana Matos Pires.
O bastonário da Ordem dos Psicólogos ajuda a perce(...)
“É muito difícil a questão do não presencial” nesta especialidade médica, reconhece a coordenadora de saúde mental do Alentejo. E também foi a questão de evitar a presença física o “mais difícil” de lidar na ativação dos gabinetes de crise e na articulação de todos os intervenientes. “Tudo isto estava previsto para condições em que se podia circular livremente”, diz Ana Matos Pires. Os telefones, as videochamadas e as videoconferências ajudam, mas não servem para todas as situações. Na sua administração regional de saúde, os enfermeiros de psiquiatria “andam na rua” a fazer visitas ao domicílio aos doentes mais graves.
Para além do plano de crise em saúde mental para toda a população, Ana Matos Pires diz que estão em curso outras duas componentes destes cuidados: uma linha de apoio aos profissionais de saúde, que no caso da sal unidade passa por ter um numero de telemóvel disponível 24 sobre 24 horas; e o apoio aos doentes Covid-19 que não estão internados e seus familiares, com as equipas de apoio ao internamento domiciliário a recorrerem aos profissionais de saúde mental sempre que identifiquem situações de necessidade.
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Dados da Direção-Geral da Saúde revelam apenas 78%(...)