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Coronavírus

Ambulâncias do INEM podem parar

06 abr, 2020 - 11:30 • Luís Aresta

Instruções do INEM para a reutilização de equipamentos de proteção contrariam as orientações do DGS, denuncia o sindicato do setor.

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A orientação do INEM para que óculos e outros equipamentos individuais de proteção sejam desinfetados e reutilizados pelos profissionais de emergência pré-hospitalar pode levar à paralisação de muitas ambulâncias.

"É uma possibilidade muito real, porque na existência de um caso suspeito ou confirmado de Covid-19, em que por exemplo haja a necessidade de administrar oxigénio ou aspirar secreções, neste momento os técnicos não têm material e equipamento adequado para se proteger a si e aos utentes", diz à Renascença o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH).

Pedro Moreira confirma a notícia avançada pelo "JN" e acentua que "a informação dada aos técnicos do INEM foi para que desinfetem e reutilizem os óculos de proteção, quando as orientações da Direção-Geral de Saúde (DGS) dizem exatamente o contrário. A DGS diz que todo o material de proteção - toucas, batas, óculos e cobre-botas - deve ser de uso único e para cada utilizador, sendo todo ele totalmente descartável", sublinha o dirigente sindical que denuncia outras falhas.

"Há toucas e cobre-botas que não estão a ser fornecidas e algum do equipamento não cumpre os pressupotos de proteção, com é o caso das batas, porque o INEM está fornecer batas não impermeáveis", detalha. A Renacença aguarda por esclarecimento do INEM, sendo que ao "JN" foi dada a garantia de que está a ser fornecido todo o equipamento necessário.

Receio de contágio

Pedro Moreira fala, ainda, do receio pela saúde dos utentes e dos técnicos de emergência de serviço nas ambulâncias: "Já é superior a mil o número de profissionais contagiados. Os técnicos já atuam num quadro de medo e ansiedade associado a esta pandemia e não se compreende esta atuação do INEM que até contraria o que disse o secretário de estado António Lacerda. Afinal, estamos mesmo a falar de racionamento e não de uma simples racionalização, porque não está a ser distribuido equipamento a todas as ambulâncias, o que compromete a saúde de todos o intervenientes".

O departamento jurídico do STEPH "está a analisar a situação, para a possibilidade de avançar com denúncias no Ministério Público e na Inspeção Geral das Atividades em Saúde, "porque isto viola claramente a indicação emanada pela DGS", conclui Pedro Moreira.

Orientação do INEM é de 23 de março e centra-se sobretudo nos "óculos de proteção"

Segundo a recomendação do INEM, com data de 23 março, a que a Renascença teve acesso, "os óculos de proteção, equipamento de proteção individual" poderão ser reutilizados após desinfeção "com álcool a 70º ou, em alernativa "com solução de hipoclorito de sódio contendo 1000 ppm de cloro ativo (diluição de 9 porções de água para 1 porção de lixívia a 10%)".

De acordo com o documentos, os óculos de protecção "deverão estar mergulhados durante 10 minutos" e posteriormente enxaguados e colocados a secar ao ar. A solução tem uma validade de 12 horas.

Na mesma nota, o INEM recomenda, entre outras medidas, a desinfeção com álcool de telemóveis e computadores, salientando que os técnicos "devem utilizar luvas durante os procedimentos" e que "não se pode misturar álcool a 70º com hipoclorito de sódio".

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