06 abr, 2020 - 09:30 • Anabela Góis (entrevista), Redação (texto)
O ministro da Administração Interna revelou, esta segunda-feira, que haverá "mudanças profundas" no funcionamento Centro de Instalação Temporária do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, na sequência da morte de um cidadão ucraniano, no aeroporto de Lisboa, alegadamente provocada por inspetores do organismo.
Em entrevista à Renascença, Eduardo Cabrita começou por realçar que o caso é "inaceitável, uma vergonha para um país que é um exemplo de como bem tratar e bem acolher migrantes", e anunciou mudanças no funcionamento do atendimento a estrangeiros que não possam entrar em Portugal.
"O processo, hoje, está em investigação criminal. O processo interno decorrerá em paralelo, mas o essencial aqui é o rápido apuramento das responsabilidades criminais. As decisões administrativas foram tomadas de imediato e haverá mudanças profundas no funcionamento dessa estrutura para pessoas que são impedidas de entrar no país", sublinhou o ministro da Administração Interna.
O caso remonta a 12 de março, quando o SEF não permitiu a entrada em território nacional a um ucraniano oriundo da Turquia que dizia estar em viagem de turismo. A Polícia Judiciária (PJ) deteve três inspetores do SEF, de 42, 43 e 47 anos, por fortes indícios da prática de um crime de homicídio, depois de a autópsia ter revelado sinais de agressão e asfixia como causa da morte.
No sábado, o "Diário de Notícias" avançou que, além dos três inspetores, que se encontram a ser investigados e em prisão domiciliária, a PJ também está a investigar várias pessoas que estiveram em contacto com o ucraniano e não reportaram o caso nem terão tido qualquer iniciativa para o socorrer, nas dez horas entre as agressões (entre as 8h15 e as 8h35) e a morte, declarada às 18h40.
Entre os suspeitos, estão oos seguranças do Centro de Instalação Temporária do SEF, onde o ucraniano foi agredido, mais dois inspetores do SEF, que se aperceberam que o ucraniano não estava bem quando o tentaram reencaminhar para o voo de regresso à Turquia, uma enfermeira e dois socorristas da Cruz Vermelha, o médico do INEM que declarou o óbito e ainda dois agentes da PSP, que escoltaram a ambulância.
[notícia atualizada às 10h30]