07 abr, 2020 - 09:28 • Fátima Casanova
As aulas
começam à distância para todos os alunos, do ensino básico ao ensino
secundário, isso mesmo já tinha sido
admitido pelo ministro da Educação, em
entrevista à
Renascença. Na ocasião, para ultrapassar as desigualdades dos
alunos no acesso às aprendizagens, Tiago Brandão Rodrigues tinha anunciado, que
a alternativa passava pela televisão.
O governo e a RTP já assinaram, entretanto, uma parceria para avançar com um modelo de telescola, que vai transmitir blocos temáticos na RTP Memória, para os alunos até ao 9º ano, mas este projeto poderá não estar disponível logo nos primeiros dias do 3º período.
Segundo fontes ouvidas pela Renascença, o modelo, que está a ser preparado, vai funcionar como um complemento do ensino à distância. Para os mais pequenos, dos 3 aos 6 anos, a Renascença sabe que vão ser disponibilizados conteúdos específicos na RTP 2. A forma como se vai operacionalizar tudo isto vai ser conhecida na quinta-feira.
Este novo modelo de telescola agrada ao Conselho Nacional de Educação (CNE), um dos órgãos consultivos, que vai ser ouvido hoje pelo Governo.
À Renascença, a presidente do CNE disse que “vale a pena tentar” essa via, “para ver como vai resultar”. Mas esta é apenas a opinião de Maria Emília Brederode Santos, que não vincula os conselheiros do CNE.
Os alunos do ensino secundário são os que causam maior preocupação, em concreto os do 12º ano, por causa dos exames nacionais e do acesso ao ensino superior. A ideia é que os alunos ainda tenham aulas presenciais este ano letivo de modo a prepararem-se para os exames.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, só no final deste mês é que o Governo irá decidir sobre a eventual reabertura das escolas.
Na Renascença, o primeiro-ministro apontou o dia 4 de maio como data limite para abrir as escolas, justamente para estes alunos. António Costa sugeriu também que a época de exames seja adiada por um mês, para finais de julho com uma segunda fase em setembro.
O objetivo é não atrasar muito o concurso nacional de acesso ao ensino superior, que habitualmente tem inicio em finais de julho.
Independentemente de datas, diretores ouvidos pela Renascença, reconhecem que este momento está a causar angústia e ansiedade junto dos alunos e, por isso, pedem orientações precisas para levar estes alunos até aos exames, mesmo que para isso seja necessário prolongar o ano letivo para além de junho.
Para já ainda “não foram trabalhados cenários” sobre o concurso nacional de acesso ao ensino superior. Isto mesmo disse à Renascença, o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior. Questionado sobre a possibilidade do concurso nacional ser adiado, João Guerreiro garantiu que tudo será decidido em articulação com o Ministério da Educação.
Quanto às regras do modelo de acesso ao ensino superior, que o decreto presidencial permite alterar, em estado de emergência, João Guerreiro disse à Renascença que “há intenção de utilizar os exames como tem acontecido em anos anteriores”.
De resto, fonte do Ministério do Ensino Superior reforçou à Renascença que nenhum aluno vai ficar para trás e que o calendário será ajustado em função das decisões do Ministério da Educação relativamente aos cursos cientifico humanísticos e também aos cursos profissionais, tudo para permitir que estes alunos possam concorrer ao ensino superior.
Quanto às provas de aferição, que deveriam começar no dia 4 de maio, a presidente do CNE, pais e diretores ouvidos pela Renascença concordam que sejam canceladas.
O Reino Unido decidiu cancelar os exames de conclusão do secundário e de acesso ao ensino superior. E as notas vão depender de uma fórmula que junta a avaliação dos alunos e o desempenho da escola e da turma em que se inserem.
Em França, também foram cancelados os exames e as notas vão ser atribuídas com base na avaliação contínua dos alunos até ao momento do encerramento das escolas, mas o Governo francês não descarta para já a hipótese de as aulas presenciais serem retomadas em Maio.
Já em Itália, está prevista a passagem administrativa de todos os alunos. Quanto ao exame de acesso à universidade será transformado numa prova oral de uma hora, com recurso a plataformas electrónicas.
Quanto à Dinamarca, só vai manter os exames de acesso ao ensino superior. Todos os outros foram cancelados.