10 abr, 2020 - 18:06 • Sérgio Costa
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A Federação Nacional de Educação (FNE) apela à criação, pelo Ministério da Educação, das condições necessárias para recuperar, da melhor forma, o tempo de suspensão das aulas presenciais para os alunos do primeiro ciclo do ensino básico.
O secretário geral da FNE, João Dias da Silva, reconhece haver “uma preocupação acrescida com as crianças que agora estão a aprender a ler e a escrever”, estão na primeira fase de aquisição de conhecimentos e de contacto com o universo escolar.
Em declarações à Renascença, João Dias da Silva alerta para o tempo de recuperação destes alunos que “será mais longo” e nem todas as famílias terão a mesma capacidade de acompanhamento, não só por eventual “défice de habilitações”, mas também porque “nem todos têm acesso às plataformas digitais”.
Neste ponto particular, João Dias da Silva recorda os apelos feitos pelos professores no sentido de o ministério liderado por Tiago Brandão Rodrigues encontrar, em conjunto com as operadoras, soluções que garantam equidade.
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“A rede de internet ainda não chega a todo o território”, alerta. O responsável sindical lembra que as autarquias e outros organismos estão a responder a solicitações urgentes nas áreas da saúde e social, pelo que não será o tempo, diz, para lhes exigir esse esforço.
A FNE aponta para um regresso à escola apenas em outubro, “um tempo muito longo em que os alunos perdem rotinas”, sublinha. Por isso, João Dias da Silva diz acreditar em orientações atempadas do Governo para garantir a recuperação das rotinas de aprendizagem para os alunos mais novos.
Dias da Silva afirma que a preocupação é naturalmente extensível aos alunos de outros ciclos de ensino como, por exemplo, o 8.º e 9.º anos de escolaridade, onde “garantir a disciplina é muito difícil”, mas antecipa o arranque do próximo ano letivo como o momento de “um esforço enorme de reaprendizagem” para as crianças mais novas.
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“Tudo isto é novo, e não sabemos se surgirá uma segunda vaga da pandemia”, alerta o secretário-geral da FNE, lembrando que todos os agentes do sector da educação devem prever soluções para todos os cenários.
Estudos recentes dos Empresários Pela Inclusão Social (EPIS) concluem que o insucesso escolar se manifesta, sobretudo, no interior do país e na periferia de Lisboa e que 541 escolas públicas do primeiro ciclo têm níveis de repetência superiores à média nacional em todos os anos de escolaridade.
Seis em cada 10 destas escolas estão em 40 concelhos, com maior incidência no Sul e menor no Norte. A primeira causa de repetência no segundo ano, aponta o estudo, é o défice de competências de leitura dos alunos.
Na ocasião, a Associação dos Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas apelou a um maior esforço para que “o ensino no primeiro ciclo seja o mais personalizado possível”, diminuindo o número de alunos por turma.
A mesma associação sublinha, igualmente, a “importância de os pais acompanharem aquilo que se passa no dia a dia e que se interessem na vida escolar dos seus filhos” através de ações de formação ao nível da parentalidade.
As preocupações adensam-se com o previsível longo período de interrupção de aulas presenciais.