14 abr, 2020 - 16:39 • Dina Soares
A violência aumentou 40% em 2019. No seu relatório anual, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) revela que o total de crimes e outras formas de violência ultrapassou a faixa dos 29 mil, tendo-se registado um aumento de cerca de 40% face a 2018.
Entre os 54.403 contactos recebidos ao longo do ano, mais de 95% denunciavam crimes contra pessoas, enquanto os crimes contra o património não chegavam aos 2%. Destas denúncias resultou o acompanhamento de 11 mil vítimas.
As mulheres vítimas de violência doméstica continuam a dominar o total das queixas, com 79% das denúncias. As vítimas são sobretudo do sexo feminino (80,5%), com idades entre os 25 e os 54 anos.
Os autores dos crimes são maioritariamente homens (66%) com idades entre os 35 e os 54 anos (18,2%). 45,5% dos crimes tiveram lugar entre pessoas com relações de intimidade e dentro da casa partilhada por ambos. Segue-se a casa da vítima (16%) e a via pública (12,1%).
O número de crianças vítimas de crime também aumentou no último ano. Quase 1500 crianças foram vítimas de crime em 2019, mais 532 do que em 2018. Em 2019, a APAV recebeu, em média, quatro queixas por dia relacionadas com crianças. Perto de 62% das vítimas são do sexo feminino com uma idade média de 11 anos. Em 27,3% dos casos, o autor do crime é o pai ou a mãe.
Os crimes de cariz sexual representam 81% do total das queixas: pornografia de menores com 699 casos; abuso sexual de crianças com idade inferior a 14 anos, com 305 casos e 187 crimes de violação.
Entre as vítimas, 831 vão dos 11 aos 17 anos; 347 têm entre 6 e 10 anos; 153 vão dos 0 aos 3 anos e 109, estão na faixa etária dos 4 e 5 anos.
Entre os idosos, o número de crimes também aumentou. Em 2019, 1.350 idosos foram vítimas de violência, contra 926 no ano anterior. A maioria das vítimas são mulheres (78 por cento) com uma média de idades de 75 anos. Mais de 30% dos atos de violência foram praticados pelos filhos da vítima e 23,4% pelo cônjuge.
As queixas que chegaram à APAV vinham de 273 concelhos, dos 308 existentes. As zonas do país onde houve mais vítimas apoiadas foram Cascais (465), Braga (463), Porto (379), Sintra (316), Lisboa (305), Oeiras (259) e Vila Nova de Gaia (262).
Os principais canais de acesso à associação continuam a ser os órgãos de Polícia Criminal, os amigos e vizinhos e só em terceiro lugar a própria vítima.
Mais de metade chegou pelo telefone. Em 42% dos casos, já tinha sido apresentada pelo menos uma queixa junto de uma entidade policial. A APAV foi fundada há 30 anos e já apoiou mais de 330 mil pessoas.