16 abr, 2020 - 13:25 • Redação
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A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirma que a cerca sanitária em Ovar deverá ser levantada durante o fim de semana, "a 18 ou 19 de abril". A decisão está agora nas mãos das autoridades nacionais.
"Ovar é um bom exemplo. Foi alvo de medidas proporcionais extraordinárias porque tinha uma dinâmica da doença muita intensa, mas felizmente a evolução e a avaliação do risco epidemiológico indica que já não é situação especial", declarou Graça Freitas na conferência de imprensa diária de balanço da Covid-19.
O surto em Ovar "está neste momento controlado, a tender para números semelhantes a outras zonas do país", sublinha a diretora-geral da Saúde.
A resposta em termos de saúde foi reforçada e é preciso pensar no factor social, de uma população que está em confinamento há cerca de um mês, sublinha.
"Do conjunto da atuação concertada das autoridades locais, a autoridade de saúde que faz a avaliação do risco sanitário, a câmara municipal e o mecanismo de proteção civil chegaram à conclusão que estavam reunidas as condições para que Ovar deixe de ser uma zona de exceção. Como está previsto, submeteram essa avaliação superiormente, vai ser superiormente analisada", afirma Graça Freitas.
Estado de emergência
Parlamento discute esta tarde projeto do decreto d(...)
Esta quinta-feira de manhã, o presidente da Câmara de Ovar afirmou que a cerca sanitária que isola o concelho deveria ser levantada esta sexta-feira, dia em que se assinala um mês da sua imposição e em que o estado de emergência nacional deverá ser renovado por mais duas semanas. A 17 de março foi decretado estado de calamidade em Ovar, de forma a conter a propagação do novo coronavírus.
"Não tenho muitas dúvidas que o estado de calamidade em Ovar será levantado, passando ao estado de emergência nacional que vigora e vigorará no resto do País, retirando-se por consequência a cerca sanitária a partir do dia 17 de abril", escreveu Salvador Malheiro, no Facebook, depois de ter participado na reunião no INFARMED e de ter escutado a opinião dos especialistas.
O autarca fundamenta a sua opinião, por um lado, nos efeitos positivos que a cerca sanitária produziu no concelho "em matéria de saúde pública" e no facto de "existir uma verdadeira máquina municipal de saúde, instalada em Ovar, capaz de fazer face a eventuais percalços". Por outro lado, "no sinal que se pretende dar já à economia" e no "otimismo prudente, reinante nos nossos governantes e na classe científica relativamente ao panorama nacional".
Salvador Malheiro salvaguarda que a imposição da cerca sanitária foi determinante para evitar uma catástrofe. O isolamento permitiu "adaptar e reforçar o sistema de saúde municipal e iniciar atividade do tecido insutrial de forma faseada e com segurança", observa.
O presidente da Câmara de Ovar termina com uma mensagem de esperança e prudência. Manifesta confiança que o combate à Covid-19 será vencido, mas ressalva que "o nosso sucesso depende do comportamento de cada um de nós".
Portugal regista até esta quinta-feira 629 mortos associados à covid-19, mais 30 do que na quarta-feira, e 18.841 infetados (mais 750), indica o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, explicou, em conferência de imprensa, que a variação do R0 (número médio de contágios causados por cada pessoa infetada) permitirá observar primeiro o regresso de outros países à atividade, antes de decidir a forma como esse processo será feito em Portugal.
"A Noruega decidiu que quando o R0 fosse de 0.7 descomprimiam as medidas de contenção, mas isso não é o único critério. Portugal tem uma vantagem que começamos mais tarde do que os outros e vamos acompanhar diferentes critérios adaptados por vários países", diz.
Nesse sentido, Portugal poderá "ver qual critério se adapta melhorar à nossa realidade", sendo que a Organização Mundial de Saúde já "publicou seis princípios básicos que devem ser observados no levantamento das medidas de contenção social".
A Diretora-Geral da Saúde explica ainda que o novo decreto do estado de emergência, publicado esta quinta-feira pelo Presidente da República, respeita as recomendações da DGS.
"O decreto vai ao encontro do nosso discurso cautelosos. O regresso à atividade não é incompatível com a manutenção da contenção social", explica.
Graça Freitas vai mais longe e salienta que "temos de equilibrar ainda durante algum tempo o retorno à atividade normal, mas num mundo com Covid-19, ou seja, com alguma contenção".
"Não podemos recuar a 30 de dez de 2019. Vamos ter de compatibilizar uma nova forma de estar na vida", assinala Graça Freitas.