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“Não podemos tratar pessoas infetadas. Os funcionários dos lares de idosos não são médicos nem enfermeiros"

16 abr, 2020 - 08:30 • Ana Rodrigues

O alerta é dirigido às autoridades de saúde que, segundo o diretor do Centro Social e Paroquial de S. João das Lampas, em Sintra, “estão a inverter os procedimentos face à Covid 19”.

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José Parente não tem dúvidas que “retirar os idosos que estão bem e deixar os infetados com coronavírus nos lares de idosos sem acompanhamento medico, como está a ser feito, não é o mais correto”.

Com 60 idosos a seu cargo, e mais 75 com apoio em casa, este responsável pelo lar do Centro Social e Paroquial de S. João das Lampas, no concelho de Sintra, lembra que “um lar é um equipamento social, não é um equipamento hospitalar”.

“Está a haver aqui um grande equívoco e não está a ser dada a devida atenção a isto”, acrescenta.

Ao analisar para o que está a acontecer em todos o país, José Parente refere que “estão a ser retirados os idosos que estão bem e encaminhados para hotéis ou outros locais e os que estão contaminados ficam. Quando deveria ser o contrário “.

“Não quero acusar ninguém, mas é só ouvir as noticias". “Nos lares", argumenta, "não temos as condições necessárias: não temos médicos nem enfermeiros ou equipamentos”.

Até agora, o lar do Centro Social e Paroquial de S. Joao das Lampas não tem qualquer registo de infeção por Covid 19, mas o diretor diz que a instituição é “uma bomba relógio prestes a rebentar” e que as autoridades de saúde “devem começar a olhar para os lares de idosos de outra forma”.

"Nós não somos os maus da fita ou os que não se souberam preparar”, aponta.

Confrontado com estes alertas, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Publica admite à Renascença desconhecer o procedimento adotado pelas autoridades de saúde face à contaminação em lares de idosos .

Ricardo Mexia adianta, no entanto, que “se os idosos infectados não tiverem sintomas graves podem perfeitamente continuar nos lares, apesar de afastados dos outros utentes”

Segundo o médico, “os casos mais graves devem estar nos hospitais. Os outros que não careçam desses cuidados poderão estar a ser tratados por pessoas que têm já essa função”.

Ricardo Mexia refere ainda que “quem trabalha num lar tem uma formação especifica que lhe permite lidar com a prestação de cuidados a pessoas que têm doenças de base”.

O especialista acrescenta ainda que “em relação aos doentes Covid 19, os funcionários do lar deverão ter equipamentos de proteção individual necessários para poder cuidar destas pessoas e se houver situações mais severas que careçam de cuidados hospitalares é nesse contexto que as pessoas deverão estar”.

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