17 abr, 2020 - 19:51 • Isabel Pacheco
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“Contraindicado”. É assim que o presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, Fausto Pinto, classifica a decisão de manter as comemorações do 25 Abril na Assembleia da República e de autorizar o 1.º de Maio nas ruas ainda que com distanciamento social.
Em declarações à Renascença, Fausto Pinto diz que é uma decisão sem “sentido”, e mesmo “imprudente”, numa altura em que o país combate um vírus ainda sem vacina.
“Do ponto de vista epidemiológico e de saúde pública eu não recomendaria. Não faz qualquer sentido”, alerta.
O presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas compreende a importância das comemorações do 25 de Abril e acredita que os políticos vão seguir todas as recomendações dos especialistas.
“Se alguma daquelas pessoas me perguntasse, como médico, eu diria que não aconselharia um ajuntamento de um número tão significativo de pessoas no mesmo local. Agora, estamos a falar de uma situação que tem um peso político grande e os políticos, tomando em conta as recomendações dos peritos, os cientistas e os médicos fazem, depois assumirão a responsabilidade por aquilo que entenderem que é o mais adequado”, sublinha Fausto Pinto.
O especialista em saúde pública desaconselha qualquer aglomeração de pessoas nos próximos tempos, quer para o 1.º de Maio ou 10 de Junho.
Ferro Rodrigues responde que a decisão foi tomada (...)
“Este tipo de aglomerações podem ter consequências graves. É como uma pessoa a quem ministramos um medicamento e que vai ter uma reação secundária grave. Sabemos, por exemplo, que em Espanha houve uma manifestação que juntou muitas pessoas e que hoje em dia, do ponto de vista científico e epidemiológico, parece haver alguma relação com o facto de ter havido depois um número significativo de pessoas contaminadas”.
A sessão comemorativa do 25 de Abril mantém-se na Assembleia da República, embora com um número reduzido de deputados e de convidados. Está prevista a participação de 130 pessoas.
O Presidente da República reafirmou, esta sexta-feira, que irá participar na sessão comemorativa do 25 de Abril no parlamento, "com um número exíguo de deputados", e do 10 de Junho, numa "cerimónia simbólica" junto ao Mosteiro dos Jerónimos.
Numa altura em que CDS-PP e Chega contestam a realização da sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, face às restrições impostas para combater a propagação da covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa divulgou uma nota no portal da Presidência da República na Internet sobre esta data e também sobre o Dia de Portugal.
"O Presidente da República participará nas cerimónias do 25 de Abril e do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, tal como já tem referido publicamente. No 25 de Abril, nos termos definidos pela Assembleia da República, aliás com um número exíguo de deputados e meramente simbólico de convidados", salienta o chefe de Estado.