18 abr, 2020 - 07:57 • Redação
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O primeiro-ministro já está a preparar o plano para o país começar a retomar maior normalidade a partir de Maio. Uma das medidas, avançadas em entrevista ao “Expresso”, passa pelo uso obrigatório de máscara nas escolas e nos transportes públicos. Nestas declarações diz ser fundamental assegurar que as pessoas têm acesso em abundância às máscaras e também a gel desinfetante.
“O que gostaríamos era de, no Conselho de Ministros de 30 de abril, poder anunciar o calendário e o programa de desconfinamento progressivo de um conjunto de atividades que têm a ver com o sistema de ensino, com as atividades comerciais e de restauração e com as atividades culturais”, começa por dizer.
Questionado se ainda poderá haver algum tipo de reabertura em abril, Costa não o exclui: “Assim que seja possível, tomaremos as primeiras medidas. Não vamos estar a atrasar medidas”.
Revela que uma das prioridades passa por reabrir o comércio local, que é o que concentra menos pessoas e, que, por isso, é mais fácil garantir o distanciamento. Mas quem atender vai ter de usar máscaras.
Ao nível do ensino, as aulas presenciais do 11.º e 12.º começarão mais tarde do que horário de trabalho para evitar congestionamentos nos transportes públicos. Ou seja, os horários estão a ser pensados de forma a que trabalhadores e alunos/professores não se cruzem.
Segundo o governante, o teletrabalho é para manter para dar tempo aos transportes públicos de se reorganizarem sem ficarem superlotados.
“O vírus não hiberna no verão”, lembra António Costa e, por isso, não vão ser permitidas aglomerações nas praias. Sem adiantar pormenores, diz apenas que caberá às as autarquias e capitanias tomar as medidas necessárias para evitar esses ajuntamentos.
“Há praias de grande extensão onde a aglomeração é facilmente evitável, há outras em que todos sabemos que a aglomeração é grande. A aglomeração não vai poder existir.”
Até os cinemas vão ter novas regras. Os lugares passam a ser todos marcados e só podem vender bilhetes de duas em duas filas, de três em três cadeiras.
Nesta entrevista ao semanário “Expresso”, o primeiro-ministro revela ainda querer avançar com um orçamento suplementar. “O ideal era que o orçamento suplementar pudesse ser apresentado ainda antes da interrupção dos trabalhos parlamentares”, que acontece em julho. Segundo Costa, “só faz sentido fazê-lo quando tivermos dados suficientemente sólidos sobre a situação económica, financeira, e as necessidades do país”.
O primeiro-ministro reiterou que “o país não precisa de austeridade”, e sim relançar a economia, mas recusa dar uma resposta definitiva sobre esse caminho: “Já ando nisto há muitos anos para não dar hoje uma resposta que amanhã não possa garantir”.
Quando questionado se será um orçamento de contenção, o governante diz que será um documento exatamente em sentido oposto. “É necessário para acomodar o acréscimo da despesa que estamos a ter. Não estamos na fase da contenção, mas do aumento da despesa“, remata.
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Para António Costa, o plano de recuperação da economia depois da pandemia de Covid-19 “tem de assentar num fortíssimo plano de investimento”, apontando áreas como a ferrovia e os hospitais, e “um programa de emprego que permita absorver muita da mão de obra que ficou disponível”, quer na área do emprego público, quer social.
“Tínhamos enormes queixas na construção de falta de mão de obra, creio que é um problema (por más razões) que já não haverá. Temos o programa de reestruturação da floresta, que implica mão de obra intensiva, porque temos os incêndios a seguir. Temos também a necessidade de reforçar muito as condições de apoio pessoal, porque ficou manifesta a fragilidade de recursos humanos de muitas instituições de solidariedade social”, exemplificou.
A decisão final sobre estas medidas é apontada por António Costa para 30 de abril, mas avisa que se houver novo surto, tudo pode ser revertido.
O Conselho de Ministros pode “anunciar o calendário e o programa de desconfinamento progressivo de um conjunto de atividades, que têm a ver com o sistema de ensino, com as atividades comerciais e de restauração e com as atividades culturais”, avançou na mesma entrevista.
Até 17 de abril a DGS registou um total de 657 mortes no país por causa do novo coronavírus: 334 homens e 323 mulheres. Portugal tem cerca de 19 mil infetados.
A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 153 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 483 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
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