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​Confinamento de idosos “sem fim à vista” pode ser “sentença de morte antecipada”

20 abr, 2020 - 19:10 • Sandra Afonso

Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados enviou uma carta aberta ao Presidente da República e ao Governo lembrando que idosos não são crianças.

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Os idosos não são crianças, isolamento é uma ameaça à saúde física e mental. O alerta é da APRe, a Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados, que enviou uma carta aberta ao Presidente da República e ao Governo a contestar o “confinamento sem fim à vista” para os idosos. Exigem que “qualquer plano de levantamento de restrições” se aplique a todos por igual.

Ouvida pela Renascença, a presidente da APRe defende que a idade não deve ser um fator de distinção, mas sim o estado de saúde. Segundo Maria do Rosário Gama, obrigar idosos saudáveis a isolamento pode ser uma sentença de morte.

“As pessoas começam a ficar deprimidas, angustiados e a viver sozinhas e, rapidamente, as pessoas que até eram ativas, passam a ficar num estado de senilidade que não era expectável. Isto, inclusivamente, pode constituir uma sentença de morte antecipada”, diz Maria do Rosário Gama.

A presidente da associação acrescenta que não é só a saúde mental, mas também a saúde física está em risco.

“Pela redução da mobilidade, essa redução faz com que as pessoas percam massa muscular, ficam mais frágeis, há mais quedas”, descreve.

A presidente da Comissão Europeia avisou recentemente que as pessoas com mais de 70 anos teriam que ficar em confinamento até ao final do ano, outras entidades nacionais têm dito o mesmo. A associação diz que, a concretizar-se, não é razoável e constitui “um grave atentado aos Direitos Humanos”.

“Não somos propriamente crianças em que digam que os meninos têm que ficar aí resguardados, porque precisam de ser protegidos. As pessoas são adultas e sabem bem responsabilidades que têm”, afirma.

Os idosos que têm outras morbidades “com certeza que terão o cuidado de se resguardar mais em casa”, garante a presidente da Associação de Reformados. Aos restantes não deve ser negada a liberdade.

“As pessoas que têm 70 anos ou mais, mas que são saudáveis e que têm ainda muita atividade e muitas coisas para fazer e têm feito, se olhar para essas pessoas, isso é um castigo que não se justifica. Cortar-lhes a liberdade entendemos que não é justo e que não deve ser feito”, argumenta.

Maria do Rosário Gama defende que “deve acontecer a diferença entre infetados e não infetados, seja qual for a idade, e não os três grupos que estão constantemente a ser falados: infetados, não infetados e idosos”.

A associação está ainda preocupada com os idosos infetados com Covid-19, que regressam aos lares. Segundo Maria do Rosário Gama, devem ser criados espaços, fora dos lares, para tratar estas pessoas.

“Deve voltar para um espaço, a ser decidido pelas autarquias, há muitos espaços vazios que podem ser ocupados, tipo cuidados continuados, onde as equipas de saúde poderão tratar pessoas nas mesmas condições, portanto, infetadas”, argumenta.

“Se o idoso voltar para o lar aquilo que pode acontecer é infetar os outros idosos e também o pessoal auxiliar, porque nem todos têm condições de isolamento e os enfermeiros foram convocados para o SNS”, remata.

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